Saldo é o menor desde junho de 2002

Por: O ESTADO DE S. PAULO

Alta das importações faz superávit em fevereiro cair 71% em relação a igual mês de 2007, para US$ 882 milhões


Renata Veríssimo


O crescimento acentuado das importações levou a balança comercial a registrar, em fevereiro, o menor superávit mensal desde junho de 2002. O saldo atingiu US$ 882 milhões. Na média diária, foi 71,2% menor que o de fevereiro de 2007.


As importações somaram US$ 11,92 bilhões, enquanto as exportações totalizaram US$ 12,8 bilhões. Na média diária, os embarques de mercadorias brasileiras ao exterior cresceram 19,7%, enquanto as compras aumentaram muito mais: 56,2%.


O secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, atribuiu a queda no superávit ao aumento das importações de trigo, automóveis, gás natural e máquinas e equipamentos, além da elevação nos preços internacionais do petróleo.


O saldo totaliza US$ 1,82 bilhão no ano, resultado de exportações de US$ 26,07 bilhões e importações de US$ 24,25 bilhões. A alta das importações no ano é de 50,7% contra 20,5% das vendas externas. Tanto as vendas quanto as compras externas bateram recordes para meses de fevereiro e para o primeiro bimestre.


Barral avaliou que as importações devem manter o ritmo de crescimento acima das exportações ao longo do ano, mas espera uma recuperação das exportações a partir de março por causa do início do embarque da safra agrícola, sobretudo de soja. Isso faria melhorar o saldo comercial. “Há grande margem de crescimento das nossas exportações em volume e para novos destinos”, disse.


O secretário, no entanto, estima que as importações continuarão crescendo em ritmo forte puxadas pelo crescimento da demanda interna e a renovação do parque industrial e favorecidas pelo dólar barato. “Como algumas empresas adotam uma prática agressiva de exportação, vão buscar insumos mais baratos no mercado internacional”, argumentou. Segundo ele, a retomada de alguns setores da indústria naval vai levar ao aumento da importação de aço.


“Além do aumento das exportações, que leva à expansão das importações, tem o crescimento do consumo interno, que também tem sido abastecido por importações”, afirmou o secretário. “Há uma demanda interna forte em todos os setores, principalmente no industrial.”


As importações de bens de capital subiram 58,1% em fevereiro, na comparação com igual mês do ano passado. As compras de maquinário industrial subiram 84%. Matérias-primas intermediárias tiveram alta de 53,9%, puxadas pelas importações de trigo da Argentina, que estavam represadas pelo embargo do governo argentino desde o fim do ano passado.


As importações de bens de consumo avançaram 43,2% sobre fevereiro de 2007, com destaque para as compras de automóveis, que dispararam 93,5%. A alta nos preços internacionais do petróleo levou a um aumento de 72,2% nas importações de combustíveis e lubrificantes.


Nas exportações, houve expansão de 24,5% nos embarques de produtos básicos e de 17,3% nas vendas de produtos industrializados em relação a fevereiro de 2007. Barral ressaltou o aumento das vendas brasileiras para os Estados Unidos. Cresceram 5,6% em fevereiro e 7,6% no bimestre. Em 2007, a elevação das vendas para o mercado americano foi de 1,8%.


REPERCUSSÃO


Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) “o que salta aos olhos” é não haver um fato novo que explique o resultado tão baixo do superávit comercial nos dois primeiros meses de 2008.


Para o Iedi, o crescimento maior da economia e o aumento dos investimentos estão na base da explosão das importações. “Mas o processo teria sido muito menos pronunciado e muito mais propiciador de uma participação mais efetiva dos produtores domésticos se a valorização da nossa moeda não tivesse ocorrido na magnitude e na velocidade com que se deu”, criticou o instituto, em nota.
 

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