Preços de terras surpreendem com valorização em plena crise

Por: Gazeta Mercantil


(26/03/2009 09:22)
Depois de arrefecer com a queda forte das commodities agrícolas no final do ano, o mercado de terras voltou a subir em 2009. De acordo com levantamento da AgraFNP, o preço médio do hectare no Brasil no bimestre foi de R$4,373 mil, leve alta de 1% em relação aos últimos dois meses do ano, mas significativo para mostrar que os investidores voltaram a esse mercado, segundo Jacqueline Bierhals, responsável pelo estudo. “A valorização é pequena, mas indica que o mercado de terras dá sinais de resistência”.


Ela acredita que a retomada tem relação também com a sustentação do dólar, que está estimulando investimentos de compradores estrangeiros, que tinham saído do mercado até então, e ainda, recuperando o poder de compra do produtor rural no Brasil. “Os estrangeiros voltaram a esse mercado e representam mais da metade dos negócios. São principalmente chineses e europeus. Digamos que os fundamentos retornaram a esse mercado.


No longo prazo, terra é um ativo restrito, e o Brasil está entre os poucos países que tem esse ativo ainda disponível”, avalia. A especialista explica que o resultado do início do ano surpreendeu, pois com a deflagração da crise internacional, tudo apontava para a contaminação desse mercado. Isso porque no período entre novembro e dezembro de 2008, o preço médio de terras teve sua primeira queda após vários meses de altas consecutivas.


O preço do hectare nessa época foi de R$4,330 mil , recuo de 0,25% em relação aos valores negociados entre setembro e outubro. O número do primeiro bimestre de 2009 (R$4,373 mil) é 5,7% maior que os R$ 4,135 mil por hectare em igual bimestre de 2008. Mas descontando-se a inflação no período, o resultado é uma desvalorização de 1,7%. Na comparação com a média do valor das terras registrada há 36 meses, quando o hectare valia R$ 3,067 mil, houve uma valorização de 42,7%, o que significa uma valorização real de 6,5% ao ano.


De acordo com Jacqueline que a maior demanda por terras continua aquecida em Tocantins, no Maranhão e no Oeste baiano. “Corretoras de imóveis locais nos relatam que estão recebendo comitivas de estrangeiros interessados nessas regiões e também produtores de grande porte de Mato Grosso”, afirma a especialista. Há segundo ela, o arrefecimento pontual em algumas regiões de São Paulo, sobretudo na região de Ribeirão Preto, tradicional canavieira. “Mas não há ninguém liquidando terras, derrubando preços.


Segundo a AgraFNP, nos últimos 12 meses, a região que registrou a maior valorização em preço de terras foi o Sul. Entre os período de março-abril de 2008 e janeiro-fevereiro de 2009, as terras nesta região valorizaram-se em média 12,8%. Em seguida, foi o Nordeste com valorização de 6,6%, ao Centro-Oeste, com 3,2%, o Sudeste com 2,4% e o Norte com 1,6%. Com exceção da região Sul, as demais tiveram valorizações médias abaixo da inflação no período (7,5%).


A não-confirmação da expectativa de queda forte nos preços das terras pode atrapalhar os planos de algumas empresas que reservaram caixa para aproveitar essas oportunidades.


A SLC Agrícola, empresa produtora de commodities agrícolas com expertise em compra de terras, era uma delas e anunciou no terceiro trimestre do ano passado que suspenderia investimentos em infra-estrutura e maquinário para reforçar o caixa e aproveitar as oportunidades que surgiriam no mercado de terras. O plano da empresa, divulgado em outubro do ano passado, era postergar investimentos de R$150 milhões para aproveitar oportunidades de aquisição de terras. O valor é quase tudo o que a companhia investiu no ano de 2008, quando adquiriu 50 mil hectares nos estados do Mato Grosso, Bahia, Maranhão e Piauí (R$175 milhões).

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