Pesquisador brasileiro nega ‘biopirataria’ de café etíope

O pesquisador brasileiro da Unicamp Paulo Mazzafera rejeitou nesta segunda-feira acusações do governo da Etiópia veiculadas pela agência de notícias Reuters de que o cientista teria levado sementes de café descafeinado do país sem autorização oficial

18 de novembro de 2005 | Sem comentários Biotecnologia Tecnologias
Por: BBC Eric Brücher Camara







 







 

 






Planta de café
Os pés de café do estudo seriam de sementes importadas em 1964

O pesquisador brasileiro da Unicamp Paulo Mazzafera rejeitou nesta segunda-feira acusações do governo da Etiópia veiculadas pela agência de notícias Reuters de que o cientista teria levado sementes de café descafeinado do país sem autorização oficial.

Mazzafera e sua equipe publicaram na revista científica Nature de junho a descoberta de uma espécie de café que poderia ser usada na produção de um café naturalmente descafeinado.


Segundo a Reuters, o governo etíope estaria estudando medidas a serem tomadas contra o Brasil porque as sementes teriam deixado a Etiópia sem permissão.


Mazzafera, no entanto, diz que os pés de café do estudo são originários de sementes coletadas por uma expedição da Agência de Alimentação e Agricultura da ONU (FAO, na sigla em inglês) à Etiópia na década de 60.


“Não se pode falar de biopirataria. Por biopirataria você imagina alguma coisa escusa, não-oficial. E foi tudo oficial”, afirmou Mazzafera à BBC Brasil.


Nature


O pesquisador enviou à BBC Brasil cópias do relatório da expedição da FAO que, em 1964, teria coletado as sementes que deram origem às plantas usadas no estudo.


O documento mostra que a expedição foi amplamente apoiada pelo governo da Etiópia na época.


Segundo a reportagem publicada pela Reuters na sexta-feira, o primeiro-ministro etíope, Atos Meles Zenawi, afirmou que está analisando o caso detalhadamente.


“Achamos que pode ser encontrada uma solução que beneficie ambas as partes, Etiópia e Brasil”, disse Zenawi à Reuters.


‘Sem impasse’


Representantes do governo da Etiópia contatados pela BBC Brasil afirmaram que não poderiam dar uma posição oficial sobre o assunto nesta ou mesmo na próxima semana.


Mazzafera, no entanto, não enxerga qual possa ser o problema.


“Não existe impasse. O que existe é a abertura para conversar. Não existe razão nenhuma para eles nos acusarem e ficarem chateados com isso”, afirmou o pesquisador, que já manifestou a sua disposição de colaborar com os cientistas da Organização de Pesquisa em Agricultura da Etiópia.


Mazzafera disse ainda que pesquisadores da Costa Rica descobriram e publicaram pesquisas sobre fontes de resistência a uma importante praga de café encontradas em sementes etíopes do mesmo lote que chegou ao Brasil.


“Não existiu nenhuma polêmica sobre isso. O que chama atenção nesse caso (do café descafeinado) é o fato de ser um produto que os Estados Unidos e a Europa consomem. Isso representa um mercado muito grande e imediato.”

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