Pequeno investidor já se arrisca no mercado futuro

FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo

O pequeno investidor tem a cada ano aceitado correr mais riscos em busca de rentabilidades mais atrativas do que as oferecidas pelas aplicações tradicionais. Após o aumento da participação da pessoa física no mercado acionário nos últimos anos, esse investidor já começa a se arriscar e dar seus primeiros passos no mercado futuro.

Atenta a essa mudança de perfil, a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) criou os minicontratos, que são frações de seus contratos normais. Com isso, passou a ser possível entrar no complexo e arriscado mercado futuro com montantes menores de capital, o que era impossível até o começo desta década.

Para estimular ainda mais esse segmento, a BM&F disponibilizou, no final de 2004, um sistema de aplicações nos minicontratos via internet, como o já relativamente conhecido “homebroker” da Bovespa.

Em 2005, foi negociado 1,01 milhão de minicontratos via “Webtrading” –como foi batizado o sistema de operações pela internet criado pela BM&F.

Em 2007, esse número havia saltado para 14,15 milhões de papéis transacionados, o que demonstra o maior interesse despertado por esse segmento do mercado nos pequenos investidores.

O investidor conta com quatro opções de minicontratos para negociar na BM&F: índice Ibovespa, dólar, café e boi gordo. Cada minicontrato tem o tamanho correspondente de 10% a 20% de um contrato padrão negociado nos pregões.

Para começar a operar um minicontrato de Ibovespa é necessário, pelo menos, algo em torno de R$ 2.000. O Ibovespa é o principal índice e referência da Bolsa paulista.

“Temos notado uma busca crescente de novos investidores interessados em minicontratos. Muitos já tinham experiência de aplicar na Bolsa de Valores, via “homebroker”, e agora estão diversificando. Os minicontratos futuros permitem que o investidor tenha acesso a um mercado que dá grandes oportunidades”, afirma Roberto Lombardi, diretor da corretora Interfloat.

Aposta no futuro

O pequeno investidor tem concentrado suas aplicações em minicontratos principalmente de Ibovespa, e um pouco de dólar. Ao menos por enquanto, os minicontratos de boi gordo e café têm sido muito pouco procurados.

Lombardi afirma que “os minicontratos de café e de boi ainda não têm liquidez”. “E nesse mercado liquidez é algo fundamental”, diz.

Em uma operação no mercado futuro, o investidor adquire um contrato no qual é projetada, no caso do de Ibovespa, uma pontuação futura para o índice.

Dessa forma, o investidor ganhará ou perderá se o índice Ibovespa se aproximar, superar ou se distanciar do nível em que apostou. Ou seja, o investidor faz uma aposta na alta ou na baixa da Bolsa no futuro, podendo lucrar (se acertar) ou não.

Assim, investir no mercado futuro é apostar em expectativas, quer sejam de alta ou de baixa, em relação ao futuro da Bolsa ou de outros segmentos e produtos do mercado.

“O pequeno investidor demonstra já estar conhecendo os minicontratos. Após ter um pouco mais de familiaridade com a Bolsa, o investidor acaba indo [para o mercado futuro] na tentativa de conseguir um ganho maior e mais rápido”, afirma Marcos Mendes, operador da BM&F da corretora Concórdia.

Como investir

Para começar a investir em um minicontrato futuro, é necessário visitar o site da BM&F (www.bmf.com.br) e escolher uma das 41 corretoras cadastradas com permissão para operar o produto. Depois, fazer o cadastro em uma das corretoras e obter uma senha para poder começar a negociar.

As corretoras cobram uma taxa para realizar as operações, sendo essa livremente pactuada entre as instituições e os potenciais investidores.