História no grão de arroz

História do café  – A trajetória dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil é motivo de diversas homenagens através de todo o simbolismo da cultura nipônica. Um trabalho de grande originalidade está sendo realizado a quatro mãos pelos londrinenses Hideko Goto e Yasuharu Ueda. Os dois vão contar essa bela história do esforço japonês em se adaptar ao país através de quadros confeccionados com arroz.

A técnica desenvolvida há 40 anos por Hideko Goto – de pintar e colar grãos de arroz em telas – é o instrumento para esse trabalho. Influenciados pelo uso do cereal por japoneses durante as épocas de excedente de safra, ela e Yasuharu Ueda planejam mostrar 50 telas que contam a história dos imigrantes japoneses no país.

Os quadros estarão em exposição durante as comemorações do Imin- 100, que acontece entre os dias 18 a 22 de junho, no Parque Ney Braga, quando são aguardados membros da família imperial do Japão. “Queremos mostrar essa integração da sociedade nipo-brasileira, que está ligada totalmente ao Brasil”, diz Ueda.

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Com cerca de 20 mil grãos colados em cada tela, ambos reuniram diversas imagens e desenhos para serem reproduzidos. Os painéis contam o embarque no navio Kasato Maru dos primeiros japoneses que se aventuraram no Brasil, as diferentes fases de imigração, passando pelos momentos de dificuldade, os trabalhos na agricultura, a absorção de técnicas e contribuição para tecnologia, educação e cultura.

Cada quadro é uma viagem durante esses períodos delicadamente construídos e também inspirados na experiência de ambos, que também fizeram parte dos primeiros momentos da imigração. Um dos exemplos é uma tela que mostra os primeiros japoneses fazendo a colheita do café. “Como no começo, os japoneses não conheciam o café, então eles não sabiam abanar o café e faziam do lado errado. Isso a gente quis mostrar no quadro porque a gente viu”, completa Hideko Goto.

Ueda demonstra o quanto a arte feita por ele emociona não só quem contempla. Ele, que foi lavrador, contabilista, empresário e professor, deixou a veia artística aflorar somente agora aos 70 anos, se esforça em transformar as fotos na arte com arroz e fica emocionado em estar tratando da sua história e de seus antepassados. “Quando estou desenhando, os óculos embaçam. Faço com o coração”.

Um dos quadros também reflete todo esse trabalho que envolve técnica e paixão. A imagem das bandeiras do Brasil e Japão entrelaçadas, com a expressão “Nossa alma” define muito do esforço dos artistas e da identificação com a cultura japonesa. “Estamos mostrando que nascemos no Brasil, temos alma brasileira, mas a nossa origem não é brasileira”, comenta ela.

“Quando estou desenhando as telas que contam a história dos imigrantes, meus óculos embaçam. É porque faço com o coração”.Yasaharu Ueda

“No começo, os japoneses não conheciam o café, não sabiam abanar o café. Isso a gente quis mostrar no quadro porque viu.”Hideko Goto