Grãos evitam queda acentuada da receita

Por: GAZETA MERCANTIL

São Paulo, 4 de Março de 2009 – Os 15 produtos que mais pesam na balança comercial do agronegócio brasileiro registraram retração de 10% nas vendas externas em fevereiro. De acordo com levantamento preliminar da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), esses embarques somaram US$ 2,272 bilhões no segundo mês de 2009, ante os US$ 2,522 bilhões exportados no mesmo período do ano passado.


O recuo da receita só não foi menor devido ao desempenho dos grãos e do açúcar no mercado internacional. Foram vendidas 940,7 mil toneladas de açúcar bruto – quantidade que rendeu uma receita 55,8% maior na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já as exportações da versão refinada do açúcar foram 22,9% maior.


Ainda segundo dados da Secex, cerca de 750 mil toneladas de milho ganharam o mercado internacional só no último mês – 140% a mais. Mas de acordo com Paulo Molinari, da Safras&Mercado, a receita de US$ 126 milhões foi garantida por vendas realizadas ainda em 2008, “quando os preços do milho brasileiro estavam abaixo do mercado”. Molinari calcula que, até agora, apenas 36 mil toneladas do cereal estão nos portos para serem entregues em março. “As exportações de fevereiro ainda responderam a uma pressão logística interna forte pela entrada da safra de soja”, complementa o analista.


Seneri Paludo, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola, informa que 60% de uma área total de 1,4 milhão de hectares já foi semeado. “A finalização do cultivo está prevista para março”. O Mato Grosso, maior produtor de milho safrinha, deve colher 5,5 milhões de toneladas do grão este ano, ante as 7,7 milhões do ano passado.


A soja, que já começou a ser colhida nas principais regiões produtoras, registrou alta de 71,2% na quantidade exportada e de 49,8% na receita gerada em relação a fevereiro de 2008, mesmo sendo negociada a um preço 12,4% menor. O valor das vendas externas de algodão subiram quase 21%. Já os embarques de suco de laranja despencaram mais de 40% em resposta à retração na demanda e alheio à queda na produção mundial.


Demanda reprimida


A carne suína recuperou parte das perdas acumuladas com a retração na demanda inaugurada no ano passado. Mais de 40 mil toneladas “in natura” foram negociadas em fevereiro, aumento de 20,9%. De acordo com Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), “a participação da Rússia nas compras subiu de 42% para 60%”, calcula. “Só que os preços continuam muito baixos”, pondera Neto.


A receita acumulada com as vendas de carne suína cresceram 5,1%, frente à uma queda de 22,7% da bovina e de 26,3% da de frango. Para o presidente da Abipecs, a carne suína havia sofrido um impacto maior na demanda mundial, “por isso os estoques precisaram ser recompostos”, avalia.
 

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