GOVERNO NÃO PRETENDE COMPRAR CAFÉ POR MEIO DE OPÇÕES

Por: Blog do café

Na última sexta-feira, em Santos (SP), quando se reuniu com exportadores para discutir a atual situação da cafeicultura e esclarecer dúvidas sobre as políticas e estratégias do Governo para o setor, o secretário de Produção e Agroenergia do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Manoel Bertone (foto), disse que o Governo não tem a intenção de comprar café por meio do lançamento de contratos de opções, cujas regras de edital serão anunciadas em breve.


“O objetivo é sustentar os preços do café em níveis que possam garantir renda ao produtor, de modo que se possa consolidar o parque cafeeiro nacional e, aos poucos, promover renovação e investimentos em tecnologias nos cafezais”, disse, em entrevista ao jornalista Tomas Okuda, da Agência Estado.


Na ocasião, Bertone revelou que aquela era uma oportunidade para se encontrar com o recém eleito presidente da ACS (Associação Comercial de Santos), Michael Timm, também diretor geral da Companhia Stockler, que este ano tem se ranqueado como a maior exportadora de café do Brasil.


O secretário explicou que, se o Governo tivesse intenção de comprar café, interrompendo o fluxo de comercialização do produto, já o teria feito por meio de outros instrumentos, como EGF-COV (Empréstimos do Governo Federal com Opção de Venda), ou teria sinalizado o lançamento de contratos de opção com vencimento este ano, para julho ou agosto, por exemplo.


“Não queremos interromper o fluxo de comércio. Queremos que o preço do café suba para que o Governo não precise comprar o produto. A função do governo é fazer com que a produção não caia. Se o preço do café continuar no atual nível, vamos ter menos café porque a área de plantio vai diminuir”, argumentou.


Ele ressaltou que a política atual do Governo é de não ter estoques de café. Nesse sentido, Bertone informou que os estoques oficiais, estimados em cerca de 500 mil sacas, deverão ser vendidos nos próximos meses, mesmo durante o período de colheita da atual safra, que já começou nas regiões produtoras. Segundo o secretário, poderão ser colocadas à venda, por meio de leilão, aproximadamente 20 mil sacas ao mês, “o que não afeta o mercado”.


O novo presidente da ACS comentou que o consumo de café no mundo deve crescer entre 1% e 2% ao ano. De acordo com ele, o aumento da demanda é oportunidade para o Brasil aumentar a participação no mercado, desde que não se interrompa o fluxo de comercialização. Timm observou, no entanto, que não está claro como vai se dar o retorno ao mercado das cerca de 3 milhões de sacas de 60 kg de café, que poderão ser contratadas por meio das opções. Bertone admitiu que esse detalhe precisa ser estudado para que se estabeleçam regras claras.


Timm considerou, ainda, que os leilões de opções devem ser os mais democráticos possíveis, garantindo que não fiquem em mãos de poucos produtores. A preocupação encontra justificativa nos leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), realizados em 2007, os quais provocaram polêmica por não terem tido a devida transparência, na avaliação dos exportadores.


De acordo com Bertone, o Governo está aberto ao diálogo com todos os segmentos da cadeia produtiva, recordando, inclusive, que seu atual chefe de gabinete, Robério Silva, já foi representante dos exportadores, ocupando cargo na extinta Febec (Federação Brasileira dos Exportadores de Café). “Na minha ausência, Robério tem a função de secretário substituto”. Mais: Bertone garantiu que, no que depender de sua opinião, os leilões de Pepro estão fora de cogitação. “Gerou desgaste desnecessário”, afirmou.


O secretário acrescentou que uma das estratégias do Governo é mudar o perfil dos empréstimos com recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), atualmente direcionados, na maior parte, aos produtores. Ele citou o FAC (Financiamento para Aquisição de Café), com montante da ordem de R$ 400 milhões, que também é acessível aos exportadores e indústria.


“É pouco, mas também é indicativo de mudança de estratégia do Governo de financiar o produto e não só a produção”, relatou Bertone. Timm, por sua vez, observou que os exportadores continuam com dificuldades na tomada de crédito, que está caro e escasso. “Os bancos reduziram as linhas de crédito ao exportador em cerca de 30%”, concluiu.


 

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