ENTREVISTA – Conab deve manter safra de café 07/08 em 32 mi sacas

Por: 16/08 - 18:50 - Reuters

Por Roberto Samora SÃO PAULO (Reuters) – O presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Wagner Rossi, antecipou nesta quinta-feira que a próxima estimativa da estatal para a safra de café 2007/08, a ser divulgada na semana que vem, ficará praticamente estável em relação ao número da projeção anterior, de abril.


Em entrevista à Reuters, Rossi afirmou que avaliações recentes corroboram a projeção da estatal de 20 de abril, de uma safra de 32,06 milhões de sacas (60 kg), um volume que na época estava acima das estimativas do mercado e mesmo de uma previsão mais recente de um outro órgão estatal, o IBGE, que fixou a safra em cerca de 37 milhões de sacas.


‘Tudo indica cada vez mais claramente que a Conab estava muito próxima da realidade. Os ajustes que estão sendo feitos nos prognósticos mostram que o número da Conab se sustenta’, disse Rossi por telefone.


A próxima estimativa da Conab para a produção brasileira de café será divulgada no dia 24 de agosto.


‘Estamos reforçando a nossa previsão de 32,06 (milhões), muito distante dos 37 (milhões) que havia avaliado o IBGE. Ao que parece, as divergências (da Conab com o IBGE) se deram em três Estados: no Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. E agora que se tem uma visão melhor das coisas parece que estávamos bem próximos do real.’


A colheita de café no Brasil, o maior produtor e exportador mundial, está entrando na fase final.


Rossi ainda estimou uma redução dos estoques finais em 07/08, mas avaliou que o volume, apesar de menor, não causa preocupação, principalmente porque a próxima safra será maior, no ano de alta na bianualidade da cultura.


‘Achamos que, como a safra deste ano é a de bianualidade negativa, as margens não serão grandes, mas devemos terminar o ano, depois de todas as operações, com um estoque em torno de 7 milhões de sacas. É um pouco menor do que já tivemos, mas ao mesmo tempo é um estoque grande.’


Os estoques finais em 31 de março de 2007 estavam em 17,5 milhões de sacas, contra 9,7 milhões em igual data de 2006.


Ele disse acreditar que, nesse cenário, os preços devem permanecer estáveis. ‘Estou otimista em relação ao café.’


Ao comentar as previsões para a próxima safra (2008/09), o presidente da Conab admitiu que as condições climáticas em julho, que anteciparam a florada, e a seca em agosto preocupam.


‘Pode haver algum prejuízo, mas ainda é cedo para termos avaliação, temos que estar atentos a isso.’


Para 08/09, ele espera manter o que chamou de bem-sucedido programa de apoio ao café lançado em 2007 pela Conab, o Pepro, e disse que o mecanismo será ‘aperfeiçoado’ juntamente com o mercado. ‘Provavelmente serão usados também os contratos de opção pública’, um sistema já realizado em anos anteriores.


 


GRÃOS


De acordo com o presidente da Conab, que assumiu o cargo há menos de dois meses, os preços internacionais dos grãos elevados e a maior demanda por insumos confirmam que o Brasil terá um crescimento de área de soja e milho em 2007/08.


‘A nossa avaliação com base apenas nos indicadores… é de que a soja tenha talvez um aumento de 3 a 5 por cento na área’, afirmou Rossi, que nasceu em Ribeirão Preto, histórico pólo agrícola de São Paulo, que já foi chamado de ‘capital’ do café, cuja região hoje está tomada por canaviais.


Segundo o presidente da Conab, que já foi deputado estadual e federal por um período de 20 anos, as perspectivas para o milho também são firmes, mas a produção do cereal deverá ser reforçada com a segunda safra (safrinha), uma vez que a possibilidade é de que a área de soja cresça mais no verão.


‘É natural que dadas as condições do Brasil, que são tão favoráveis, permitindo uma segunda safra, que na safra de verão o produtor pode plantar mais soja, é uma possibilidade.’


Rossi disse ainda que o governo também deverá manter os programas de apoio aos produtores de soja e milho, mesmo com a alta das cotações das commodities. ‘Os instrumentos que temos de apoio aos produtores não têm um caráter de subsídio, têm um caráter equalizador, é voltado para o mercado interno’, disse ele, explicando que visam dar as mesmas condições de competitividade a todos os agricultores do país, inclusive para aqueles que estão nas fronteiras agrícolas.


‘Vamos usar os recursos necessários, mas como o preço da soja está muito bom, talvez seja necessário até menos recursos para a equalização. Ainda não está definido o volume, estamos vendo as condições de mercado.’

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