Danos causados ​​pela seca podem cortar safra de café arábica por dois anos

Data: 17/12/2020

Um “desastre” de seca que está corroendo as perspectivas da próxima safra de café arábica do Brasil pode se estender para a próxima temporada, disse um importante analista após uma visita às fazendas do maior produtor e exportador mundial.

“Fiquei chocado com as condições de algumas dessas fazendas”, disse Judy Ganes, presidente da J. Ganes Consulting, em uma entrevista por telefone após examinar as safras de Minas Gerais, o maior produtor estadual do Brasil. “Nunca, nunca vi algo assim”, disse o consultor, que cobre o setor há mais de três décadas.

O Ministério da Agricultura do Brasil disse no mês passado que algumas estimativas fornecidas ao governo indicam perdas em 2021 de 15% a 40% em relação a 2019, a metade anterior de menor rendimento de um ciclo bienal. Ecom Trading e Volcafe, duas grandes traders, projetaram quedas de um terço em relação ao ano anterior. Os futuros do café arábica saltaram 34% em relação à baixa de 2020 de 94,55 centavos de dólar por libra-peso em 15 de junho, após o tempo seco.

“Até agora, acabei de ver árvores esqueléticas ou que parecem exuberantes de longe e, em seguida, você se aproxima delas, e não há café”, disse Ganes após visitar municípios como Varginha, Alfenas e Três Pontas. “Você teve uma primeira floração que falhou, e este é o resultado.”

Minas Gerais responde por 70% da produção brasileira de arábica, variedade preferida pela Starbucks Corp.

Alguns grãos de café ficaram pretos e as preocupações aumentaram, pois as cerejas que foram plantadas podem abortar ou cair das árvores, disse Ganes do Hotel Vale do Café, no município de Machado. O crescimento vegetativo para a safra de 2022 está diminuindo e “as chuvas dos últimos dois meses apenas ajudarão a evitar outro desastre”, disse ela

Ganes não fará uma estimativa de produção até o fim da turnê na próxima semana. “Tudo até agora está muito baixo. Não acho que o mercado tenha considerado isso nos preços porque é uma situação em desenvolvimento ”, enquanto a indústria enfrenta problemas de demanda de restaurantes afetada pelo surto de coronavírus, disse ela durante um webinar

“Se vai haver uma safra no próximo ano, vai vir de árvores jovens, que são mais fortes e foram capazes de resistir à seca, e de fazendas irrigadas”, disse Ganes. A turnê decorreu sob estritas precauções de segurança por causa da pandemia.

Fonte: Bloomberg