Colômbia quer investimentos de agroindústrias brasileiras

País quer atrair investidores através do café, gado e biocombustíveis, explorando acordos bilaterais

Por: O Estado de São Paulo

Alexandre Inacio, da Agência Estado

SÃO PAULO – O governo colombiano está numa empreitada para atrair investimento de empresas brasileiras em agroindústrias na Colômbia. Um dos maiores produtores de café do mundo, importante produtor de leite na América Latina, dono de um rebanho de 26 milhões de cabeças de gado de corte e já atuando na área de biocombustíveis, a Colômbia quer aproveitar os acordos bilaterais que devem ser fechados até o final deste ano para atrair grupos brasileiros. “Temos a produção e o acesso aos mercados. Precisamos transformar essa produção da melhor forma possível para conseguir atender essa demanda que está aumentando”, disse Andrés Fernández Acosta, ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia. 

Acosta se reuniu nesta quinta-feira, 20, em São Paulo, com um grupo de empresários brasileiros para apresentar as vantagens e benefícios que o governo colombiano está disposto a conceder para atrair investidores. Ele lembrou que até o final deste ano deverão ser assinados os acordos que já foram acertados com Estados Unidos, México, Chile, Costa Rica e União Europeia. Segundo Acosta, hoje a Colômbia consegue garantir segurança para os investidores, oferecer estabilidade política e também incentivos e isenções fiscais para as empresas interessadas. “Hoje, a política agropecuária é de Estado e será mantida independentemente do presidente que esteja no poder”, disse o ministro.


Entre os segmentos de maior interesse estão os de processamento de proteínas animais, especialmente carnes e leite. Segundo Acosta, a Colômbia produz 18 milhões de litros de leite por dia, mas possui uma capacidade de processamento para apenas 9 milhões de litros. A outra metade da produção passa por um manejo informal, como a produção de queijos e iogurtes. “Existe um mercado interno muito grande para o leite, já que a camada mais baixa da população consome apenas 34 litros por ano, enquanto as mais altas superam 70 litros. Existe ainda o mercado externo para o leite em pó, que seria outro potencial”, afirma Acosta.


No caso da pecuária de corte, o ministro considera que antes mesmo de atrair frigoríficos, a Colômbia precisa melhorar a qualidade genética do seu rebanho. Com 45 milhões de hectares ocupados com pastagem, existem 26 milhões de cabeças. Segundo Acosta, a ineficiência da pecuária local poderia ser minimizada com o cruzamento genético com o nelore brasileiro. “Temos todo o país considerado livre de febre aftosa com vacinação, livre de gripe aviária, entre outras doenças, o que torna a Colômbia muito avançada no controle sanitário”, afirma.


Outro setor que pode atrair investidores brasileiros, principalmente devido a seu know-how, é o de cana-de-açúcar. A Colômbia é o segundo maior produtor de etanol da América Latina, atrás apenas do Brasil e deve fechar o ano com uma oferta diária de 1,4 milhões de litros.

Atualmente, o país mistura 10% de etanol na gasolina e 5% de biodiesel no diesel convencional. A meta colombiana é chegar a 2020 com uma mistura de até 85% de etanol e de 20% de biodiesel. “Para isso criamos uma política de que, a partir de 2012, 20% dos veículos produzidos ou importados terão que vir com a tecnologia flex. Esse porcentual chega a 40% em 2014 e 60% em 2016. Decidimos replicar a política brasileira nesse setor e está funcionando até o momento”, afirma Acosta.


O interesse do governo colombiano em desenvolver a atividade agropecuária e a indústria envolvida com o setor tem um motivo. Além dos acordos que estão sendo fechados e vão demandar uma produção local, o país perdeu muito de sua população rural, que migrou para as cidades, principalmente nas décadas de 80 e 90. Parte dessa migração ocorreu por conta da ação de traficantes e milícias armadas, que afastaram a população rural, que hoje não quer mais retomar as atividades agrícolas. Com isso, a área rural, que ocupa 70% do território colombiano, é ocupada por apenas 10% da população de 42 milhões de pessoas que vivem no País atualmente.

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