Cafeicultores não sentirão impacto direto dos R$ 12 bi

Para o setor, reajuste do preço mínimo é condição fundamental para produtores começarem a reagir.

Um dos setores agrícolas mais endividados do País, a cafeicultura, não será beneficiado diretamente com a concessão do crédito de R$ 12,6 bilhões do governo federal, anunciado nesta semana, para socorrer a agroindústria nacional. Segundo a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a expectativa maior do setor é o anúncio da política de preços mínimos.

“Esse pacote beneficiará muito mais as agroindústrias, como, por exemplo, os frigoríficos. Os recursos podem ajudar algumas cooperativas de café, mas não é uma verba direta à agricultura. Nossa grande briga é pelos recursos à próxima safra e pela política de preços mínimos, que será anunciada semana que vem”, diz Maurício Lima Verde, vice-presidente da Comissão Nacional do Café da CNA e representante dos cafeeiros no Conselho Deliberativo de Política Cafeeira em Brasília.

A expectativa de Lima Verde é de que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) eleve a saca de 60 quilos do café tipo 6 para R$ 300,00, sendo que os custos, segundo ele, devem variar entre R$ 275,00 e R$ 280,00. “A reivindicação da classe é que o tipo 7 (café inferior) chegue a R$ 320,00”, afirma. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse nesta sexta-feira (17) que o novo preço mínimo do café, tipo arábica, deve ser de R$ 300,00 a saca de 60 quilos. Atualmente, o preço mínimo praticado é de R$ 211,75.

A política de preços mínimos é uma reivindicação antiga dos cafeicultores, que sofrem com constantes oscilações no valor das sacas. De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil é o maior produtor da cultura no mundo. Em 2008, a produção total foi de 48 milhões de sacas. As exportações totalizaram 30 milhões de sacas.