CAFÉ: VIRADA DE AGOSTO PARA SETEMBRO FRUSTRANTE PARA PRODUTORES

O mês de agosto foi caracterizado como frustrante para o produtor de café. Depois de um começo empolgante, seguindo o desempenho de julho, o preço do café despencou e devolveu praticamente todo o ganho anterior. O contrato dezembro em NY na sessão do dia 10 de agosto chegou a 141,65 centavos de dólar por libra-peso. Havia, nesse ponto, valorização acumulada de 21,7% em 30 dias, uma vez que o mercado havia saído de 116,40 centavos, patamar mínimo no pregão do dia 10 de julho.

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, embora o mercado exibisse sinais de sobrecompra, de estar sujeito a um recuo técnico, ainda sustentava os ganhos. A situação começou a mudar de figura com o movimento de rolagem do vencimento setembro para dezembro, com a proximidade do período de notificação de entrega física de setembro. A liquidação de posições compradas passou a exercer pressão sobre os preços. 
    
expiração, o que também estimulou as vendas em bolsa. O mercado foi induzido em direção ao preço alvo em torno de 130 a 135 centavos. O resto da queda é justificado pelo incremento das ordens de venda de fundos, diante do rompimento gradual das linhas de suporte, comenta Barabach.

A queda levou o mercado a encontrar um suporte em 120 centavos, patamar de mínima do pregão da última terça-feira. Ordens das indústrias e a retomada de compra por parte de fundos e especuladores evitaram que o café fosse abaixo dessa linha. Apesar disso, a influência negativa prevalece. O petróleo, somente nos dois primeiros dias dessa semana, recuou 6,31% para o vencimento outubro. E a queda no petróleo influencia negativamente as demais commodities, em virtude do elevado peso do petróleo na composição do índice de commodities, como o CRB, onde o óleo combustível tem 23% de participação. Desempenho fraco de outras commodities nos últimos pregões contribuiu para o ritmo negativo ser mantido no café.

No Brasil, o efeito do ritmo negativo externo não é maior diante da postura defensiva dos produtores, já que o dólar também não ajuda. Cafeicultores retiveram a oferta aguardando novidades de apoio do governo, o que se confirmou nesta quinta-feira (03/09), como é destacado a seguir:

10 milhões de sacas a serem retiradas do mercado

O governo vai retirar 10 milhões de sacas de café do mercado até o próximo ano, informou nesta quinta-feira (03/09) o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Para isso, o governo irá fazer aquisição do produto para formação de estoques e autorizar o pagamento de dívidas do setor com café. “O objetivo principal dessas medidas é garantir um preço para o café que melhore a renda do produtor”, disse Stephanes. O valor corresponde a cerca de 25% da safra atual do produto. As informações partem da assessoria de comunicação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O ministro também anunciou outras medidas para apoiar a cafeicultura como a criação de uma linha de financiamento no valor de R$ 100 milhões que permitirá às cooperativas de crédito renegociar dívidas de produtores. Além disso, haverá a reativação de uma linha de crédito R$ 100 milhões para o refinanciamento de dívidas atreladas à Cédula do Produto Rural (CPR) e o reescalonamento das operações de custeio e colheita que vencerão entre setembro de 2009 e março de 2010.

As medidas anunciadas resultam de estudos realizados ao longo de três meses pelos ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento e serão executadas com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). Stephanes também afirmou que as medidas só serão executadas depois de submetidas ao Conselho Monetário Nacional (CMN), que deve se reunir extraordinariamente para tratar do assunto.