Café: possíveis novas compras do governo afetam vendas

Por: Reuters

O mercado de café no Brasil caminhou esta semana sob influência da expectativa de que o governo anuncie, até o mês que vem (setembro), um fortalecimento da sua política de acúmulo de estoques públicos, o que segundo exportadores prejudicou as negociações.


É possível que, além das 3 milhões de sacas de café da safra 2009/10 que devem sair do mercado por meio dos leilões de opções já realizados, o governo realize operações para eventualmente comprar mais 7 milhões de sacas (dois milhões ainda para a safra 09/10 e 5 milhões para a próxima temporada).


“Foi delineado que vai ser feito. A forma de se fazer é que veremos. O governo quer fazer um choque de oferta, com a formação de estoque regulador, que é fundamental para melhorarmos os preços pagos ao produtor”, afirmou nesta quinta-feira o presidente da Frente Parlamentar do Café, o deputado Carlos Melles (DEM), eleito por Minas Gerais, Estado que é maior produtor nacional.


O ministro da Agricultura, Reinhold Stepanhes, já havia falado anteriormente sobre a possibilidade de novo apoio governamental à cafeicultura, mas, de acordo com Melles, as negociações avançaram nesta semana. Segundo o parlamentar, a formação de estoques reguladores sempre foi “a grande política do Brasil” para o controle de preços do País, o maior produtor e exportador mundial, mas nos últimos anos esse instrumento deixou de ser utilizado, sendo retomado apenas em 2009, com os leilões de contratos de opção.


“Como consequência, os preços estão baixos faz tempo, o café está tabelado há sete anos a 250 reais (a saca de 60 kg), e os custos médios estão em R$ 320”, bradou o deputado. Melles afirmou que o presidente Lula já teria concordado com o fortalecimento da política de acúmulo de estoques e “quer estancar uma sangria, até porque tem a desvalorização cambial muito grande”.


Com um dólar desvalorizado frente ao real, há uma pressão adicional nos preços em moeda nacional. Fontes do governo apostam que, no momento que o mercado se der conta de que o Brasil retirará 10 milhões de sacas do mercado, os preços devem subir. No acumulado do mês, os futuros do café arábica negociados em Nova York, que influenciam o mercado local, já acumulam baixa de mais de 10 por cento – base contrato dezembro. “Nas palavras do ministro Reinhold, isso tem que ser urgente, porque daqui a pouco o produtor nem se beneficia da alta (de preços), porque a safra já foi embora”, declarou Melles.


Para honrar as opções de 3 milhões de sacas já leiloadas, com vencimento a partir de novembro, o governo deverá gastar cerca de R$ 1 bilhão, e teria que dispor de recursos proporcionais para as outras 7 milhões de sacas que se cogita.


Um “segundo ponto” do fortalecimento do apoio governamental seria, segundo Melles, o aval para que toda a dívida da cafeitultura, estimada em R$ 4 bilhões, pudesse ser paga com sacas de café, com o produto indo assim para os estoques governamentais. Isso poderia eventualmente diminuir a necessidade de mais desembolsos do Tesouro para a cafeicultura.


O pagamento dos débitos com café, entretanto, não seria feito de uma só vez, até porque parte dos produtores já negociaram seu produto. Uma parte daquela dívida, em um montante de R$ 1 bilhão, já pode ser paga com café. Mas o vencimento desse passivo é até 2020, o que implica em dizer que o produto seria entregue gradativamente ao governo, conforme as parcelas vão vencendo.

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Café: possíveis novas compras do governo afetam vendas

Por: Reuters News / Invertia (Brasil)

Quinta, 27 de agosto de 2009

Agronegócios



Sacaria de café O mercado de café no Brasil caminhou esta semana sob influência da expectativa de que o governo anuncie, até o mês que vem, um fortalecimento da sua política de acúmulo de estoques públicos, o que segundo exportadores prejudicou as negociações.


É possível que, além das 3 milhões de sacas de café da safra 2009/10 que devem sair do mercado por meio dos leilões de opções já realizados, o governo realize operações para eventualmente comprar mais 7 milhões de sacas (dois milhões ainda para a safra 09/10 e 5 milhões para a próxima temporada).


“Foi delineado que vai ser feito. A forma de se fazer é que veremos. O governo quer fazer um choque de oferta, com a formação de estoque regulador, que é fundamental para melhorarmos os preços pagos ao produtor”, afirmou nesta quinta-feira o presidente da Frente Parlamentar do Café, o deputado Carlos Melles (DEM), eleito por Minas Gerais, Estado que é maior produtor nacional.


O ministro da Agricultura, Reinhold Stepanhes, já havia falado anteriormente sobre a possibilidade de novo apoio governamental à cafeicultura, mas, de acordo com Melles, as negociações avançaram nesta semana.


Segundo o parlamentar, a formação de estoques reguladores sempre foi “a grande política do Brasil” para o controle de preços do País, o maior produtor e exportador mundial, mas nos últimos anos esse instrumento deixou de ser utilizado, sendo retomado apenas em 2009, com os leilões de contratos de opção.


“Como consequência, os preços estão baixos faz tempo, o café está tabelado há sete anos a 250 reais (a saca de 60 kg), e os custos médios estão em R$ 320”, bradou o deputado. Melles afirmou que o presidente Lula já teria concordado com o fortalecimento da política de acúmulo de estoques e “quer estancar uma sangria, até porque tem a desvalorização cambial muito grande”.


Com um dólar desvalorizado frente ao real, há uma pressão adicional nos preços em moeda nacional. Fontes do governo apostam que, no momento que o mercado se der conta de que o Brasil retirará 10 milhões de sacas do mercado, os preços devem subir.


No acumulado do mês, os futuros do café arábica negociados em Nova York, que influenciam o mercado local, já acumulam baixa de mais de 10 por cento – base contrato dezembro. “Nas palavras do ministro Reinhold, isso tem que ser urgente, porque daqui a pouco o produtor nem se beneficia da alta (de preços), porque a safra já foi embora”, declarou Melles.


Para honrar as opções de 3 milhões de sacas já leiloadas, com vencimento a partir de novembro, o governo deverá gastar cerca de R$ 1 bilhão, e teria que dispor de recursos proporcionais para as outras 7 milhões de sacas que se cogita.


Um “segundo ponto” do fortalecimento do apoio governamental seria, segundo Melles, o aval para que toda a dívida da cafeitultura, estimada em R$ 4 bilhões, pudesse ser paga com sacas de café, com o produto indo assim para os estoques governamentais. Isso poderia eventualmente diminuir a necessidade de mais desembolsos do Tesouro para a cafeicultura.


O pagamento dos débitos com café, entretanto, não seria feito de uma só vez, até porque parte dos produtores já negociaram seu produto. Uma parte daquela dívida, em um montante de R$ 1 bilhão, já pode ser paga com café. Mas o vencimento desse passivo é até 2020, o que implica em dizer que o produto seria entregue gradativamente ao governo, conforme as parcelas vão vencendo.

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