CAFÉ – Governo vai estimular que os próprios produtores façam seus os estoques

Governo estuda não tirar 10 milhões de sacas de café do mercado e não deve formar estoques, disse Rogério Colombini da Conab (foto).


Antônio Sérgio / News Cafeicultura



Mercados em queda


Desde o fatídico, cancelamento do leilão de opções em 16 de julho 2009, que segundo analistas consultados pela News Cafeicultura, derreteu o mercado no interno caiu de R$ 270 na época para casa de R$ 230 na época da realização do leilão de opções. Na Bolsa de Nova York os contratos futuros de café caíram 8,8% nos últimos três meses, e nem mesmo a realização dos leilões de opções em 15/07 e 22/07 que retirou 3 milhões de sacas de café do mercado, foi suficiente para fazer os preços voltarem aos patamares anteriores a suspensão do primeiro leilão. O que foi admitido pelo próprio ministro da agricultura, “As opções de venda não foram suficientes. Vamos intervir agora para formar estoques”, disse Stephanes (foto).


Para um corretor consultado “faltou habilidade ao governo na condução dos leilões de venda de opções de café”. Entre as falhas apontadas, “além da suspensão inconseqüente o governo falhou ao realizar o primeiro leilão no dia 15/07 sem comunicar ao mercado quando seria realizado o segundo leilão”, este fato provocou um aumento desmedido na disputa durante o leilão, elevando exageradamente o prêmio na casa de 9,5.



Colheita de desencontros


O governo demorou e muito para liberar as verbas do FUNCAFÉ, destinadas a colheita do café. Em ofício datado de 13 de maio 2009 o deputado federal Carlos Melles, presidente da Frente Parlamentar do Café, pediu ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que fosse acelerada a liberação dos recursos, estabelecidos na Portaria Nº 271, de 20 de abril 2009, que estabeleceu caráter emergencial, a distribuição dos recursos no exercício de 2009 do FUNCAFÉ, para operações de colheita do café.


Em suas alegações Melles tenta sensibilizar Stephanes, citando que alguns produtores do sul de Minas Gerais, num ato de desespero, começaram antecipadamente a colheita, numa tentativa de conseguir recursos para honrar seus compromissos, comprometendo a qualidade e o lucro de sua produção. E disse que havia registros de venda de café desta safra, no valor de R$190,00 a saca, na região de Coqueiral – MG. Em 13 de maio 2009, Melles lembrou a Stephanes, que nos estados do Espírito Santo e Rondônia a colheita já iniciou no mês de abril passado.


Verbas tardias para colheita do café, na segunda-feira 8 junho de 2009, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) autorizou, a liberação de R$ 450 milhões para o financiamento da colheita da safra atual 09/2010. Segundo relato de produtores, as verbas do FUNCAFÉ para colheita, tiveram pouco efeito, já que foram liberadas com a colheita já adiantada, e grande parte dos produtores não conseguiram ter acesso as verbas por não terem tido condições de pagar as parcelas das dívidas anteriores. Para os produtores sobrou duas opções ou vender o café na boca da maquina, ou aceitar financiamentos com juros escorchantes, colocados goela abaixo pelos gerentes de banco, “isso se nos queríamos honrar os nossos compromissos e colher o café que está no pé,” lastima um médio produtor do cerrado mineiro ouvido pela News Cafeicultura. O próprio ministro da agricultura admitiu a falha, “o governo errou por não atuar no momento da colheita, evitando assim a queda nos preços”, disse Stephanes.


Estoques ou balão de ensaio?


O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, na sexta-feira, 7 de agosto 2009, afirmou que o setor do café vem sofrendo grandes dificuldades nos últimos meses. Tendo produto em excesso no mercado e pouca demanda, e afirmou que o governo buscando alternativas para ajudar os cafeicultores vai retirar do mercado de 10 milhões de sacas de café de 60 quilos, neste ano (2009) e no próximo, com investimentos de cerca de R$1 bilhão.


Reforçando a idéia da retirada de café do mercado, Stephanes afirmou que um dos motivos para que o preço do café seja pressionado para baixo é o fato que nesse ano os estoques em poder de países consumidores são altos em relação aos estoques em poder dos produtores.


Governo em desencontro


Em entrevista ontem, 27 de agosto 2009, Rogério Colombini, diretor da Conab, vinculada ao Ministério da Agricultura, afirmou que o governo poderá não honrar o que foi pactuado, pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e vai sim estimular que os próprios produtores façam seus os estoques, “esta é a estratégia do governo para ajudar os cafeicultores”, disse Colombini.


“O Brasil deverá recomprar os contratos que vendeu no mês passado, que davam aos produtores a opção de vender para o governo, em data futura, até 3 milhões de sacas (de 60 quilos) a preços superiores aos do mercado”, disse Colombini. Ao recomprar os contratos por um preço superior, o governo espera fortalecer a situação financeira dos produtores, permitindo-lhes estocar o produto por conta própria até a recuperação dos preços, segundo Colombini em entrevista concedida ontem em Brasília. Os contratos futuros de café negociados na Bolsa de Nova York caíram 8,8% nos últimos três meses. 

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