Amanhã: 100 anos da imigração japonesa no Brasil

17 de junho de 2008 | Sem comentários Especiais Mais Café

Amanhã: 100 anos da imigração japonesa no Brasil
Ex-Libris Comunicação Integrada
17/06/2008


Flávia Arakaki / Paula Idoeta
 
Agricultura brasileira tem diversas contribuições dos imigrantes japoneses, como a alface americana, legumes congelados e café do Cerrado.
 
Amanhã (18/6), quando se comemora o centenário da imigração japonesa, vale lembrar as contribuições dos imigrantes à agricultura, principalmente por meio do cooperativismo na região sudeste, graças ao espírito de união e de apoio mútuo dos japoneses.
 
“Assim como imigrantes de outras nacionalidades que se estabeleceram no Brasil a partir do final do século XIX, os japoneses formaram cooperativas de produção agropecuárias logo que chegaram. Apostando na força do trabalho em conjunto, os núcleos nipônicos introduziram novas tecnologias e impulsionaram o movimento cooperativista no estado”, avalia Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo).
 
A primeira que se tem notícia foi o “Syndicato Agrícola Nipo-Brasileiro”, em Uberaba (MG ), em 1919. Teve vida curta, mas serviu de inspiração para outras iniciativas. A mais importante surgiu em São Paulo, em 1927: a Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC). Formada por 83 agricultores teve tanto sucesso que se tornou a maior entidade do gênero na América Latina. Em 1988, contava com mais de 16 mil associados, mas foi liquidada na década de 90. “A CAC foi um marco na agricultura brasileira. Por meio dela, os japoneses modificaram hábitos de alimentação, com a introdução de legumes e sucos congelados”, lembra Américo Utumi, assessor da presidência da Ocesp e diretor da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
 
De acordo com Utumi, muitas contribuições importantes à cultura brasileira foram trazidas pelos japoneses, mas poucos sabem. A alface americana é um exemplo. Hoje os brasileiros não teriam uma verdura tão crocante se não fosse pelo trabalho dos associados da CAC. “Quem trouxe a semente da alface americana foi a rede de lanchonetes McDonald’s no final da década de 70. Assumimos a produção de alface com exclusividade para a rede por quatro anos. Se não fosse a CAC, não seria possível a vinda da rede ao País, porque não era possível a produção dos sanduíches com a alface crespa ou lisa”, explica Utumi.
 
Segundo ele, outra contribuição pouco conhecida é o assentamento das famílias de associados da CAC, em sua maioria agricultores japoneses e descendentes, no Cerrado Mineiro, também na década de 70, nas plantações de café. “Os mineiros achavam o solo improdutivo, mas a CAC elaborou e implantou o primeiro projeto de assentamento realizado no cerrado brasileiro. Deu tão certo que abriu caminho para grandes projetos, como o Pólo Centro (Programa de Desenvolvimento do Centro do Ministério da Agricultura), PRODECER (Programa Binacional Brasil-Japão para o Desenvolvimento do Cerrado), sendo que, hoje, o melhor café produzido no Brasil é o do Cerrado.
 
Assim como a CAC, surgiram outras cooperativas de produtores, que também viraram ícones na comunidade japonesa, principalmente em São Paulo: Cooperativa Agrícola Sul Brasil, em Marília, a Cooperativa Agrícola Bandeirantes, a Cooperativa Central de Bastos, a Cooperativa Agrícola da Fazenda Katsura de Iguape e a Cooperativa Agrícola de Registro. As mais recentes a receberem o registro na Ocesp foram a SP Flores e a Cooperovos, de Mogi das Cruzes, e a CAISP, de Ibiúna.
 
* Fonte sobre outras curiosidades das contribuições dos imigrantes japoneses ao Brasil: Américo Utumi, assessor da presidência da Ocesp e diretor da ACI.

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