ARTIGO – Quebra-vento em lavouras de café

Por: Estado de Minas

AGROPECUÁRIO – 23/03/2009 


Clair Dias de Oliveira*
  
 
As lavouras de café no Sul de Minas estão localizadas em grandes altitudes. Em consequência disso, estão sujeitas a ventos fortes, muitas vezes acompanhados de chuva com granizo. Como resultado, podem ocorrer desfolhamento de plantas e ferimentos nas folhas, o que favorece a entrada de doenças.


OBJETIVOS DO QUEBRA-VENTO
• Redução do impacto dos ventos sobre as folhas das plantas de café;


• Redução do impacto da chuva de granizo;


• Redução de doenças fúngicas, que apresentam maior infestação devido aos ferimentos nas folhas;


• Aumento da receita do produtor com o consórcio entre a lavoura de café e a de culturas como do abacate e a banana. Essas duas frutíferas são excelentes quebra-ventos, já utilizados.


É importante conhecer o manejo, exigência nutricional, hábito de crescimento, espaçamento e outras informações para depois iniciar um plantio consorciado.


Uma das alternativas é a cultura do abacate. As mudas devem ser enxertadas para atender aos mercados de cosméticos e de fruta in natura. Essas mudas deverão ser adquiridas de viveiros registrados. Outra alternativa para exemplificar é a cultura da banana. As mudas de bananeira são de fácil obtenção, mas deverão ser tomados cuidados necessários para obter mudas oriundas de plantas matrizes sadias.


CONSIDERAÇÕES

As medidas de proteção contra ventos devem ser aplicadas nas áreas problemáticas, onde ocorrem ventos frios continuados, para evitar prejuízos diretos ou indiretos sobre o desenvolvimento e a produção do cafezal, sendo prioritárias as medidas destinadas á proteção de plantações jovens, mais prejudicadas por ventos.


MEDIDAS PREVENTIVAS

a) Escolher o local adequado ao plantio de café, evitando, nas regiões sujeitas, as faces sul e leste e as chapadas muito batidas por ventos frios.


b) Usar variedades e sistemas de plantio em que os ventos venham a causar menos danos, como as variedades de plantas compactas, de porte baixo, e, assim, mais autoprotegidas (como o catuí), em detrimento daquelas mais expostas, como mundo novo. Os plantios em renque, fechados na linha, e os adensados (linha e rua) oferecem, também, uma melhor autoproteção contra os ventos.


Medidas corretivas


a) Instalação de quebra-ventos para proteger o cafezal, podendo ser de três tipos: anuais, temporários e permanentes.


b) As plantas usadas como quebra-ventos devem ser instaladas no cafezal de modo a oferecer boa proteção com o mínimo de concorrência com os cafeeiros. Os quebra-ventos anuais e os temporários devem ser implantados para proteger inicialmente as lavouras, até que os permanentes surtam efeito.


Quebra-ventos anuais: São indicados para os três primeiros anos da lavoura, consistindo no plantio intercalado, em algumas ou em todas as ruas, de culturas de porte alto como: sorgo, arroz, girassol e a mandioca, devendo as plantas, sempre que possível, permanecerem de pé em período de inverno.


Uma linha de árvores, juntas, a cada 4-6m, formando um renque, espaçadas de 50m a 100m um do outro, com as plantas coincidindo na linha de café, para não atrapalhar a mecanização e podendo ficar numa ou mais linhas de café, de acordo com a sua direção, obedecendo sempre o sentido perpendicular aos ventos dominantes.


As árvores devem ser eretas, flexíveis, não caducifólias (que perdem totalmente a folhagem durante uma certa época do ano) apresentando bom crescimento, sistema radicular profundo, para explorar, principalmente, as áreas de solo não atingidas pelas raízes do cafeeiro. Devem ter boa resistência a ventos, poucos problemas com pragas e doenças, sendo, também, importante a ausência de frutos ou sementes semelhantes aos do café (para não misturar com aqueles, no chão) e a sua utilidade paralela, como fruteira, planta industrial ou madeira é também desejável.


A ramagem inferior das árvores deve ser podada, para deixar escoar a brisa, aproximadamente metade do vento, o restante tendo sua trajetória desviada para cima, em uma distância de 10 a 15 vezes a altura do renque, distância em que deve ser situado outro quebra-vento. Essa eliminação de galhos, até cerca de 2 a 3 metros, favorece também o escoamento de ar frio, no caso de geadas, evitando seu represamento sobre os cafeeiros.


FONTE:
*Clair Dias de Oliveira, extensionista da Emater-MG em Jacuí.
Informações: jacui@emater.mg.gov.br ou pelo telefone (35) 3593-1263.

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