RIBEIRÃO
26/04/2009
Área ocupada por cana sobe 49% na região
De 1,2 milhão de hectares registrados em 1996, cultura avançou e chegou a 1,8 milhão de hectares no levantamento atual
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os resultados do censo agropecuário 2009, divulgado durante a semana pela Secretaria de Estado da Agricultura, atestam o avanço das lavouras de cana-de-açúcar sobre as demais culturas produzidas na região de Ribeirão Preto.
Ao “mar de cana” de 1,2 milhão de hectares registrados no levantamento anterior, em 1996, juntaram-se mais de 600 mil hectares, o que representa um crescimento de 49,2% no período de 12 anos.
Apesar do avanço, que pode ser constatado em uma simples viagem de carro pelas rodovias que cortam a região, o secretário de Estado da Agricultura, João Sampaio, afirmou não acreditar na possibilidade de São Paulo tornar-se um Estado monocultor.
“O censo foi bom porque mostra que os 30% do solo que estão plantados com cana-de-açúcar em nada diferem dos 30% que eram cobertos de milho há duas décadas, mais ou menos. Nem por isso chamávamos São Paulo de “mar de milho'”, afirmou o secretário.
Para garantir a variedade de culturas, o Estado de São Paulo vetou a construção de novas usinas de açúcar e álcool na região Sul, para onde migram as plantações de laranja.
“A laranja e o café representam a resistência. Os produtores têm de pensar que não é todo o solo que aceita a cana. Para isso, temos que desenvolver todas as culturas”, afirmou a diretora executiva da Abag-RP (Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto), Mônika Bergamaschi.
Em proporção parecida, mas em dimensão bem menor, somente o café também mostrou evolução no período entre os dois estudos produzidos pelos técnicos do Estado.
O total de área plantada atualmente, 61 mil hectares, corresponde à décima parte do que foi plantado a mais de cana-de-açúcar entre os dois levantamentos.
Há 12 anos, eram 41 mil hectares ocupados por lavouras cafeeiras, o que representa um crescimento de 48%, motivo de muita comemoração por parte de representantes do setor.
“Há 12 anos, o avanço da cana-de-açúcar sobre o café era uma incógnita. Hoje, podemos dizer que esses dados mostram que isso não aconteceu. Quer dizer que há locais em que o café rende mais. Bem cultivado, o café de qualidade é rentável”, afirmou Ricardo Lima de Andrade, diretor da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Pecuaristas da Região de Franca), que congrega produtores de mais de uma dezena de cidades da região.
Os grãos e áreas de pastagem foram os que mais perderam espaço na região no período compreendido pelos dois censos. O pasto, que ainda é a segunda cultura da região de Ribeirão Preto, com 480 mil hectares ocupados, viu sua área ser reduzida em 16,1% no período.
A queda foi ainda mais brusca nas plantações de milho e soja. O milho, que cobria 278 mil hectares, atualmente se resume a 63 mil hectares, redução de 77,1% em sua área -o que não significa queda equivalente na produção, já que as culturas apresentaram alta na produtividade no período.
A soja, antes cultivada em 415 mil hectares, detém hoje somente 111 mil na região, ou uma retração de 73,2%.
Em recuperação nos últimos anos, o eucalipto teve redução de área de somente 2,5%. Bem menor do que a da laranja, de 31%. Até o amendoim, cultura de limpeza de solo, deixou de ser praticado: caiu de 22 mil hectares para 13 mil hectares, ou 42,7% a menos.
Nem mesmo a manga, típica de Jardinópolis, escapou dos canaviais. Dos 747 hectares em que era cultivada em 1996, na microrregião de Ribeirão Preto, restaram apenas 283 hectares. (ROBERTO MADUREIRA)