Sustentabilidade garante o sucesso da Illycaffè

Por: GAZETA MERCANTIL

São Paulo, 9 de Março de 2009 – A receita do blend da Illycaffè continua guardada a “sete chaves”, todas elas agora em poder do presidente Andrea Illy, terceira geração da família a assumir o comando executivo da empresa. Mas foi a sustentabilidade que garantiu o crescimento em 3% do faturamento da empresa no ano passado, segundo revela.


As oito subsidiárias da Illycaffè devem registrar um lucro líquido de ? 7,31 milhões em 2008, expectativa a ser confirmada no balanço que a Illy vai publicar no próximo mês.


O bom resultado é assegurado pela mistura de grãos 100% arábica colhidos em 14 países das Américas do Sul e Central, Índia e África. Os elos das cadeias produtivas de cada um dos fornecedores Illy são observados de perto pelos agrônomos e diretores da empresa. “A qualidade nasce com a planta, apenas otimizamos com processos industriais”, revela Andrea. De acordo com ele, os grãos , ainda verdes, embarcam para Trieste, na Itália, onde sofrem a torrefação, após a “mescla”.


À essa mistura é adicionada uma dose de sustentabilidade ainda no país de origem do grão. Além da lavoura de café, a Illy exige de seus produtores o cultivo de 20% da área com mata nativa da região produtora. O processo produtivo dispensa a aplicação excessiva de defensivos. Em contrapartida, na Itália, a empresa embala o produto com material reciclado.


O pilar social dessa sustentabilidade foi erguido por meio da Universidade Illy, que só no ano passado formou mais de 11 mil especialista no mercado de café mundial. Daí nasceu o prêmio de qualidade há oito anos e a Universidade Illy, que desde 2000 forma profissionais para o mercado do café. Daí nasceu o Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Expresso.


A face econômica da sustentabilidade Illy é exibida através de uma margem de lucro maior ao fornecedor e também ao distribuidor. “Se o produtor consegue atingir a qualidade esperada nós pagamos um preço remunerativo, em média 30% maior que o praticado pelo mercado”, garante o presidente da empresa.


“O último anel da cadeia é a compra. Importamos o café diretamente do produtor sem passar por intermediários”. A Illy rastreia o café desde a lavoura até o desembarque do grão na Itália.


Ingrediente brasileiro


Um dos poucos detalhes conhecidos da receita italiana é a dose brasileira. Mais de 50% dos grãos que formam o blend único são brasileiros. Só no ano passado a Illy importou 200 mil sacas de café do Brasil. Este ano, o embarque brasileiro deve ser 10% maior, prevê Andrea Illy. “A estação da compra começa em julho e a expectativa é de uma boa qualidade e na quantidade suficiente para atender ao blend”, avalia.


No caminho inverso, 50 mil toneladas de café processado chegaram ao Brasil em 2008. “Nosso principal mercado ainda é a Europa e os Estados Unidos”. E a frequência dos embarques italianos para o Brasil e para os outros 139 países compradores, em tempos de crise, não preocupa o guardião dessa receita de sucesso. “Até o restabelecimento da economia vamos resistir reforçando a qualidade do produto”, planeja o senhor Illy.


Sabor em cápsula


Parte das seis milhões de xícaras de café Illy tomadas diariamente no mundo são servidas com o blend em cápsulas. O método é dividido em duas fases, a primeira etapa é a hiper-infusão quando café e água são combinados sob uma pressão uniforme, o que garante à bebida sabor e aroma diferenciados. Na segunda fase do processo, a emulsão, o café passa por uma válvula elástica e é misturado com o ar, o que confere uma espuma densa em relação ao método anterior, o de sache.


Até agora restritas aos bares e restaurantes, as máquinas que produzem o café pelo método hiperexpresso acabaram de chegar ao mercado brasileiro na versão doméstica.
 

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Sustentabilidade garante o sucesso da Illycaffè

Por: GAZETA MERCANTIL - SP

São Paulo, 9 de Março de 2009 – A receita do blend da Illycaffè continua guardada a “sete chaves”, todas elas agora em poder do presidente Andrea Illy, terceira geração da família a assumir o comando executivo da empresa. Mas foi a sustentabilidade que garantiu o crescimento em 3% do faturamento da empresa no ano passado, segundo revela.

As oito subsidiárias da Illycaffè devem registrar um lucro líquido de ? 7,31 milhões em 2008, expectativa a ser confirmada no balanço que a Illy vai publicar no próximo mês.


O bom resultado é assegurado pela mistura de grãos 100% arábica colhidos em 14 países das Américas do Sul e Central, Índia e África. Os elos das cadeias produtivas de cada um dos fornecedores Illy são observados de perto pelos agrônomos e diretores da empresa. “A qualidade nasce com a planta, apenas otimizamos com processos industriais”, revela Andrea. De acordo com ele, os grãos , ainda verdes, embarcam para Trieste, na Itália, onde sofrem a torrefação, após a “mescla”.


À essa mistura é adicionada uma dose de sustentabilidade ainda no país de origem do grão. Além da lavoura de café, a Illy exige de seus produtores o cultivo de 20% da área com mata nativa da região produtora. O processo produtivo dispensa a aplicação excessiva de defensivos. Em contrapartida, na Itália, a empresa embala o produto com material reciclado.



O pilar social dessa sustentabilidade foi erguido por meio da Universidade Illy, que só no ano passado formou mais de 11 mil especialista no mercado de café mundial. Daí nasceu o prêmio de qualidade há oito anos e a Universidade Illy, que desde 2000 forma profissionais para o mercado do café. Daí nasceu o Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Expresso.



A face econômica da sustentabilidade Illy é exibida através de uma margem de lucro maior ao fornecedor e também ao distribuidor. “Se o produtor consegue atingir a qualidade esperada nós pagamos um preço remunerativo, em média 30% maior que o praticado pelo mercado”, garante o presidente da empresa.



“O último anel da cadeia é a compra. Importamos o café diretamente do produtor sem passar por intermediários”. A Illy rastreia o café desde a lavoura até o desembarque do grão na Itália.



Ingrediente brasileiro



Um dos poucos detalhes conhecidos da receita italiana é a dose brasileira. Mais de 50% dos grãos que formam o blend único são brasileiros. Só no ano passado a Illy importou 200 mil sacas de café do Brasil. Este ano, o embarque brasileiro deve ser 10% maior, prevê Andrea Illy. “A estação da compra começa em julho e a expectativa é de uma boa qualidade e na quantidade suficiente para atender ao blend”, avalia.



No caminho inverso, 50 mil toneladas de café processado chegaram ao Brasil em 2008. “Nosso principal mercado ainda é a Europa e os Estados Unidos”. E a frequência dos embarques italianos para o Brasil e para os outros 139 países compradores, em tempos de crise, não preocupa o guardião dessa receita de sucesso. “Até o restabelecimento da economia vamos resistir reforçando a qualidade do produto”, planeja o senhor Illy.



Sabor em cápsula



Parte das seis milhões de xícaras de café Illy tomadas diariamente no mundo são servidas com o blend em cápsulas. O método é dividido em duas fases, a primeira etapa é a hiper-infusão quando café e água são combinados sob uma pressão uniforme, o que garante à bebida sabor e aroma diferenciados. Na segunda fase do processo, a emulsão, o café passa por uma válvula elástica e é misturado com o ar, o que confere uma espuma densa em relação ao método anterior, o de sache.



Até agora restritas aos bares e restaurantes, as máquinas que produzem o café pelo método hiperexpresso acabaram de chegar ao mercado brasileiro na versão doméstica.



China entra na lista dos fornecedores



A partir deste ano, a mistura Illy pode ser incrementada com o grão chinês. Depois de um rigoroso processo de seleção, os primeiro lotes foram importados pela marca italiana. Até então, o último país fornecedor a figurar na lista Illy era a Colômbia.



Sérgio Carvalhaes, sócio de um escritório de corretagem de café, explica que a produção chinesa é pouco conhecida, mas ele acredita que a qualidade do grão chinês seja boa, “excepcional até, já que a bebida passou pelo crivo da Illy”, imagina.



Produtor insignificante no mercado de café, a China não colhe nem 25 mil toneladas de grãos por ano, ou 416 mil sacas de 60 quilos. Cerca de cinco mil toneladas são da variedade robusta, cultivada na província de Hainan e usada principalmente na fabricação de café instantâneo. O tipo arábica, que compõem 100% o blend Illy é produzido na província de Yunnan, e foi lá que os agrônomos da empresa foram buscar o novo ingrediente da mistura bebida no mundo inteiro.



Balança chinesa de café



A China exporta cerca de 60% de sua produção de café, metade das vendas externas segue para o Japão, para a fabricação de cafés solúveis. A China importa cerca de 250 mil sacas de café por ano, incluindo o café instantâneo.



O consumo de café na China gira em torno de 30 mil toneladas por ano e segundo projeções dos produtores locais e das cafeterias que invadiram o país, a venda da bebida deve crescer cerca de 20 % este ano.



O número de empresas de torrefação de café na China saltou de 25 para 30 no último ano por causa do crescimento nas vendas para consumidores de Xangai e outras cidades costeiras do país. “O fenômeno das cafeterias chegou à China, mas boa parte do café ainda é processada fora do país por falta de estrutura e torrefação de qualidade”, conta Carvalhaes.



Além da China, o café Illy é elaborado com grãos de outros 14 países, entre eles os africanos Etiópia e Quênia. Os grãos colombianos foram acrescentados recentemente à mistura para conferir certa acidez ao blend, explica Carvalhaes. “O mercado de cafés gourmet cresceu muito nos últimos anos. No Brasil começou a partir de 2000 e na China o movimento é bem recente e portanto tem um mercado potencial imenso a ser explorado”, calcula o corretor.



(Gilmara Botelho)

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