Produtores rurais protestam contra política econômica

Representantes do agronegócio reclamam de valorização cambial

Por: 28/02/2007 08:02:49 - Jornal do Commércio - RJ


ZULMIRA FURBINO
DO JORNAL DO COMMERCIO


Os prejuízos causados pela valorização cambial no setor agrícola estão levando produtores rurais do Sul de Minas a articular um movimento nacional contra a política macroeconômica do governo federal. Os produtores criticam o que classificam como uma “dura política econômica” do governo federal para com o setor produtivo. Ontem, reunidos na Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), representantes do segmento chamaram a atenção para a penalização do setor produtivo nacional, em especial os segmentos ligados à exportação. No ano passado, o pífio crescimento do agronegócio (0,35%) não foi suficiente para recuperar as perdas apuradas em 2005, quando a queda foi de 4,66% em comparação com o ano anterior.


De acordo com o presidente da comissão nacional do café da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e produtor de café na região de Santa Rita do Sapucaí, Breno Mesquita, a taxa de câmbio tira a competitividade de vários setores produtivos do País e já ameaça inviabilizar a atividade exportadora. Segundo ele, nos 10 últimos anos os custos da produção de café subiram 150% e os custos com a mão de obra no segmento aumentaram 130%, enquanto o preço recebido pelo produtor foi elevado em apenas 69%. Por isso, o preço da saca de café no mercado internacional – entre US$ 130 e US$ 135 – remunera bem os competidores internacionais, mas não os produtores brasileiros.


Um levantamento da MCM Consultores e Associados mostra que boa parte das empresas brasileiras, principalmente as ligadas ao agronegócio, vem operando longe do câmbio de equilíbrio, que mede os resultados financeiros das empresas, os preços dos produtos e o custo para fabricá-los. Entre os segmentos mais afetados está a agropecuária, cujo câmbio de equilíbrio fica em R$ 2,95, uma defasagem de pelo menos 40%, considerando as cotações de fevereiro de 2007.


Segundo estudo, a indústria de café, da qual Minas é o principal representante nacional, precisaria de um câmbio de R$ 3 para operar com rentabilidade. A defasagem do câmbio entre os períodos de plantio e a compra de adubos e fertilizantes, que contam com elementos importados em suas formulações, completou o quadro de desânimo que afetou o setor em 2006.


mais custos. Para o presidente da Cooperativa de Produtores de café e de Leite do Sul de Minas, no ano passado houve um aumento brutal dos custos da produção. Exemplo disso, segundo ele, é o que acontece com o preço do boi. Há sete anos, uma arroba custava R$ 55 e hoje custa R$ 48. Já em relação à produção de leite, os preços estão estáveis há seis anos. Diante disso, ele espera um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola em 2007, mas não da renda do produtor propriamente dita.


“Em abril de 2005, o produtor precisava de 27,5 litros de leite para comprar uma saca de milho. Em janeiro deste ano, precisa de 50 litros”, protesta o presidente da Comissão Nacional do Leite na CNA e produtor de leite na Zona da Mata mineira, Rodrigo Alvim. Enquanto isso, de janeiro a setembro do ano passado, o preço do leite caiu 17%, recuperando-se em 5,9% a partir de outubro, graças à reação dos preços no mercado internacional. “O mercado interno está estagnado. A valorização dos preços no mercado internacional é que está tornando a produção mais atrativa”, diz.

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