fonte: Cepea

Produtores de cafés especiais do Paraná transformam propriedades em empresas rurais

 

09/08/2010 18:08:02 – Cornélio Digital

De olho na competitividade e oportunidades do setor, cafeicultores do norte pioneiro aprofundam conhecimentos e adotam o modelo da cafeicultura empresarial
 
A qualidade dos cafés especiais produzidos no norte pioneiro do Paraná vem conquistando o mercado e os consumidores. As razões desse sucesso são o domínio das boas práticas agrícolas por parte dos produtores e o zelo em todas as etapas produtivas. Porém, para garantir a sobrevivência sustentável no competitivo ambiente do agronegócio do café é preciso desenvolver uma visão empresarial aguçada.
 
O fortalecimento dessas habilidades é o objetivo do Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, que contempla um grupo de 18 produtores, todos vinculados à Associação de cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) e apoiados pelo Sebrae/PR e outras entidades por meio do Programa cafés Especiais do Norte do Paraná.
 
Em busca da excelência, esses cafeicultores aceitaram o desafio de instituir um modelo empresarial em sua atividade e, durante os próximos oito meses, passarão por um processo intenso de capacitação em gestão de empreendimentos rurais e adoção de novos processos e controles.
 
O Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, iniciativa do Sebrae/PR em parceira com a ACENPP e o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), é composto por módulos que abordam gestão rural, qualidade, mercado e comercialização, manejo e outros treinamentos técnicos. Ao final de cada fase, os participantes receberão consultorias individualizadas e o acompanhamento técnico de especialistas.
 
A coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andréia Claudino, mostra a relevância de se aliar capacitação a consultorias e observa que a duração do Projeto dá, aos cafeicultores, o tempo necessário para mudarem rotinas, normas e procedimentos internos. “Ao final de cada módulo, os participantes se comprometem a cumprir tarefas. Na primeira fase, por exemplo, deverão realizar um inventário completo de suas propriedades. Essas atividades práticas geram dúvidas, então a consultoria é essencial para não causar desmotivação.”
 
A elaboração do conteúdo do projeto baseou-se em resultados de um diagnóstico prévio que analisou indicadores sobre colheita, processamento, armazenamento, comercialização, mão de obra, associativismo, assistência técnica, meio ambiente, rastreabilidade e demais controles. Todas as propriedades participantes foram visitadas e tiveram esses dados coletados.
 
“Esse é um projeto pioneiro e o diferencial é que os envolvidos têm um objetivo comum: a obtenção da UTZ Certified. Nos próximos meses, eles vão adaptar suas fazendas para atender às exigências da auditoria. Um dos requisitos é possuir um sistema de qualidade comprovado e ferramentas de acompanhamento. A ideia é que estejam preparados para implantar um sistema de rastreabilidade, algo complexo que implica em mudança cultural”, avalia Andréia Claudino.
 
A coordenadora estadual de Agronegócio também adianta a estratégia adotada pelo Sebrae/PR para o Programa cafés Especiais do Norte Pioneiro deverá se estender para as outras cadeias produtivas atendidas pela entidade no Estado, como apicultura e hortifrutigranjeiros. “A estratégia da entidade para o setor do agronegócio é proporcionar competitividade por meio da agregação de valor em produtos e processos. A certificação é uma forma eficiente de conseguir competitividade e ampliar a comercialização. A cafeicultura empresarial talvez seja nova para o Paraná, mas no exterior, é comum. Certificação e diferenciação, são hoje, questões de sobrevivênc

Mais Notícias

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Produtores de cafés especiais do Paraná transformam propriedades em empresas rurais

De olho na competitividade e oportunidades do setor, cafeicultores do norte pioneiro aprofundam conhecimentos e adotam o modelo da cafeicultura empresarial


A qualidade dos cafés especiais produzidos no norte pioneiro do Paraná vem conquistando o mercado e os consumidores. As razões desse sucesso são o domínio das boas práticas agrícolas por parte dos produtores e o zelo em todas as etapas produtivas. Porém, para garantir a sobrevivência sustentável no competitivo ambiente do agronegócio do café é preciso desenvolver uma visão empresarial aguçada.


O fortalecimento dessas habilidades é o objetivo do Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, que contempla um grupo de 18 produtores, todos vinculados à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) e apoiados pelo Sebrae/PR e outras entidades por meio do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná.


Em busca da excelência, esses cafeicultores aceitaram o desafio de instituir um modelo empresarial em sua atividade e, durante os próximos oito meses, passarão por um processo intenso de capacitação em gestão de empreendimentos rurais e adoção de novos processos e controles.


O Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, iniciativa do Sebrae/PR em parceira com a ACENPP e o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), é composto por módulos que abordam gestão rural, qualidade, mercado e comercialização, manejo e outros treinamentos técnicos. Ao final de cada fase, os participantes receberão consultorias individualizadas e o acompanhamento técnico de especialistas.


A coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andréia Claudino, mostra a relevância de se aliar capacitação a consultorias e observa que a duração do Projeto dá, aos cafeicultores, o tempo necessário para mudarem rotinas, normas e procedimentos internos. “Ao final de cada módulo, os participantes se comprometem a cumprir tarefas. Na primeira fase, por exemplo, deverão realizar um inventário completo de suas propriedades. Essas atividades práticas geram dúvidas, então a consultoria é essencial para não causar desmotivação.”


A elaboração do conteúdo do projeto baseou-se em resultados de um diagnóstico prévio que analisou indicadores sobre colheita, processamento, armazenamento, comercialização, mão de obra, associativismo, assistência técnica, meio ambiente, rastreabilidade e demais controles. Todas as propriedades participantes foram visitadas e tiveram esses dados coletados.


“Esse é um projeto pioneiro e o diferencial é que os envolvidos têm um objetivo comum: a obtenção da UTZ Certified. Nos próximos meses, eles vão adaptar suas fazendas para atender às exigências da auditoria. Um dos requisitos é possuir um sistema de qualidade comprovado e ferramentas de acompanhamento. A ideia é que estejam preparados para implantar um sistema de rastreabilidade, algo complexo que implica em mudança cultural”, avalia Andréia Claudino.


A coordenadora estadual de Agronegócio também adianta a estratégia adotada pelo Sebrae/PR para o Programa Cafés Especiais do Norte Pioneiro deverá se estender para as outras cadeias produtivas atendidas pela entidade no Estado, como apicultura e hortifrutigranjeiros. “A estratégia da entidade para o setor do agronegócio é proporcionar competitividade por meio da agregação de valor em produtos e processos. A certificação é uma forma eficiente de conseguir competitividade e ampliar a comercialização. A cafeicultura empresarial talvez seja nova para o Paraná, mas no exterior, é comum. Certificação e diferenciação, são hoje, questões de sobrevivência no mercado”, frisa Andréia Claudino.


A UTZ Certified é um dos principais programas de certificação do café no mercado internacional. O projeto teve início no penúltimo sábado de julho. Na ocasião, os produtores tiveram contato com o tema gestão rural. Neste sábado, dia 7 de agosto, se interam sobre o assunto política rural.


Visão empresarial


O consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do Programa Cafés Especiais, Odemir Capello, explica que a proposta levará o grupo a adotar uma visão ainda mais empresarial da cafeicultura. “O Projeto vai gerar um aumento de eficiência e produtividade. Os produtores vão aprender a controlar melhor as operações e custos da produção, obtendo subsídios para tomada de decisões. Até o final de 2010, a meta é que três propriedades já estejam certificadas com o selo UTZ Certified”, destaca o consultor.


Outra proposta do Projeto de Gestão de Empreendimentos Rurais é fornecer bases técnicas para que os cafeicultores possam constituir uma cooperativa futuramente. “Os produtores já dominam bem os conceitos de Central de Negócio e uma cooperativa abrirá um leque de oportunidades de negócios. Certificação, profissionalismo e rastreabilidade da produção são caminhos para a sustentabilidade da cafeicultura”, comenta Odemir Capello.


Luiz Fernando de Andrade Leite, cafeicultor e presidente da ACENPP, defende a importância do projeto, observando que no dia a dia da propriedade rural, o produtor se prende muito às questões produtivas e, muitas vezes, descuida-se dos controles administrativos. “Nosso propósito é que nossos associados passem de produtores rurais a empresários rurais e utilizem todas as técnicas administrativas porteira adentro, para que tenham maior controle da produção e melhorem os resultados obtidos. O alcance das metas precisa ser consciente e planejado”, assinala Andrade Leite.


Hans Christian Nick, produtor de café especial e participante do projeto acredita que a atualização de conhecimentos em gestão empresarial rural contém todas as ferramentas necessárias para que a gestão de sua propriedade, a Fazenda Santa Isabel, localizada no município de Carlópolis, torne-se ainda mais competente. 


“Creio que ao final do projeto terei uma visão mais aprofundada do negócio e domínio de questões administrativas, financeiras e de mercado. Então, tomarei decisões com mais segurança. Para mim, a melhoria da gestão gera ganhos em cada saca de café produzida. Esse treinamento é fundamental para que eu consiga sustentar uma certificação da importância da UTZ”, afirma o produtor.


Para o cafeicultor, o conteúdo do Projeto está totalmente alinhado com o que ele deseja e necessita para impulsionar seu negócio. “Sabemos produzir café muito bem, mas precisamos incrementar a forma de gerenciar esse negócio. Ter base para poder avaliar a propriedade, a produtividade e a viabilidade econômica é essencial para termos uma correta noção da posição que ocupamos e para onde queremos ir. Simplesmente achar que se tem determinado lucro e eficiência não basta, é necessário precisão, eficiência e agilidade. Para isso, preciso buscar as informações de valor e trabalhar com elas”, avalia Hans Nick.  


Conteúdo


Controle, direção, organização e planejamento; análise econômica da propriedade rural e cálculo de investimentos na propriedade rural são alguns assuntos do módulo gestão rural. Os métodos de organização das propriedades é o foco do “De Olho na Qualidade Rural”, segundo módulo do projeto que ensina técnicas corretas de descarte, organização, limpeza, higiene e ordem mantida.


Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Paraná (SENAR-PR), os produtores de cafés especiais aperfeiçoam conhecimentos técnicos relativos à colheita do café; processamento do café; podas e desbrotas do cafeeiro; controle de pragas e doenças; condução da lavoura cafeeira até o terceiro ano; classificação e degustação do café; empreendedor rural e mercado futuro. Também estão previstos módulos adicionais que contemplam capacitações exigidas para obtenção da UTZ Certified.


A altitude média das propriedades cafeeiras participantes do projeto “Gestão de Empreendimentos Rurais” é 608 metros. A área média de cultivo de café é 78 hectares. Em 2009, a produção do grupo foi pouco mais de 25 mil sacas de café e em 2010 deve superar 38 mil sacas. A produtividade média desses cafeicultores, em 2009, foi 18 sacas por hectare e em 2010 subiu para 27 sacas por hectare.

Mais Notícias

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.