Preço das commodities para 2006 já preocupa o mercado

Analistas internacionais apontam que desaceleração econômica dos EUA mudará o cenário atual

31 de outubro de 2005 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: CORREIO POPULAR








De Londres
No curto prazo, céu de brigadeiro. A partir de 2006, crescentes incertezas. Em geral, essa é a previsão dos analistas para os preços das commodities, que vêm apresentando, salvo poucas exceções, um desempenho muito positivo. Para o Brasil e outros países emergentes, cujas exportações nos últimos anos têm sido em grande parte alimentadas pelo boom da demanda por matérias-primas, esse é um assunto de primeira ordem.

No geral os analistas mantêm uma avaliação favorável para os preços das commodities no curto prazo. A economia mundial continua se expandindo num ritmo considerado positivo e a atividade na China continua num ritmo forte. No entanto, as projeções para 2006 em diante são menos alvissareiras, diante da possibilidade do início de uma desaceleração econômica mais acentuada nos Estados Unidos.

Michael Douglas, estrategista-chefe para commodites do Deutsche Bank, afirma que o impacto de uma alta dos juros sobre os preços das commodites obedece a dois estágios distintos. “O primeiro, quando é iniciado um ciclo de aperto monetário, é positivo para os preços, pois a alta dos juros sinaliza uma aceleração econômica e maior consumo, como vimos nos Estados Unidos”, disse Douglas. “Mas o segundo estágio, quando o ciclo de alta dos juros atinge 250 pontos-base, o risco de uma pressão para baixo sobre os preços aumenta, pois indica um período de menor atividade econômica.”

Ou seja, diante do aperto monetário promovido até aqui pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) e a perspectiva de novos aumentos nos juros, o cenário para as commodities pode se tornar mais preocupante. “O risco de os preços enfraquecerem é maior”, explica Douglas. “Mas, apesar da alta dos juros de curto prazo, continuamos vendo um mercado com muita liquidez, que não aponta para uma queda dos preços nos próximos meses.”

Para Douglas, o maior risco para as commodities está reservado para 2007. “Embora continuemos otimistas com o crescimento global para os próximos meses, inclusive no início de 2006, em relação ao médio prazo estamos preocupados com a capacidade da expansão econômica nos Estados Unidos, se ela irá continuar além de 2007”, disse.

Ele explica que essa previsão reflete a constatação de que a duração de todos os períodos de expansão econômica dos Estados Unidos desde 1954 esteve diretamente relacionada ao prazo de estímulo monetário dado pelo Federal Reserve. “Com base nessa tendência, a atividade econômica nos Estados Unidos deve declinar fortemente a partir de dezembro de 2007”, explicou. “Isso obviamente teria um impacto muito negativo sobre as commodities.”

Para a consultoria Economist Intelligence Unit (EIU), a média dos preços das commodities industriais deverá registrar uma alta de 6% neste ano, mas esse ganho será totalmente revertido em 2006. Em 2007, a queda será maior, de 9%. A analista sênior para commodities da EIU, Kona Haque, afirma que os preços para a maioria dessas matérias-primas continuam numa trajetória de alta diante dos baixos estoques, forte demanda chinesa e problemas na rede de abastecimento.

“Como as commodities continuam a atrair investimentos de especuladores e fundos hedge, as altas nos preços estão sendo amplificadas”, disse Haque.”Entretanto, há crescentes sinais que os níveis de consumo para várias commodities estão começando a se enfraquecer e em 2007 a oferta global vai começar a superar a demanda.” (Da Agência Estado)

SAIBA MAIS

O termo commodities é usado em transações comerciais internacionais para designar um tipo de mercadoria em estado bruto ou com um grau muito pequeno de industrialização. As principais commodities são produtos agrícolas (como café, soja e açúcar) ou minérios (cobre, aço e ouro, entre outros).

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.