Possível quebra do Mercon provoca fechamento da Cisa Exportadora de Café

Problema não surgiu na Nicarágua nem é exclusivo do país, mas sim do Grupo que está presente em nove nações

11 de dezembro de 2023 | Sem comentários Mercado

Por Jornal La Prensa

Enquanto os produtores de café se preparam para entrar na fase plena da safra 2023/2024, a rede de centros de coleta e moinhos úmidos e secos da Cisa Exportadora, na Nicarágua, fechou as portas sem aviso prévio. A cessação de suas operações foi causada pela falência financeira do Mercon Coffee Group, conglomerado de empresas que nos últimos anos teve sede na Holanda e era dirigido por seu fundador, o nicaraguense José Antonio Baltodano. No entanto, há alguns meses ele vendeu quase todas as suas ações a um fundo de investimento norte-americano que agora declara falência.

Outra versão diz que na realidade não se tratou de uma venda, mas que, ao adquirir um empréstimo de quase 500 milhões de dólares junto do Rabobank, uma instituição financeira holandesa, e de outras instituições, incluindo a IFC e a Bid Invest, a Mercon passou a fazer parte de uma carteira de investimentos. Mas esses problemas se somaram a uma dívida de vários milhões de dólares que a Cisa Exportadora tem com o Lafise Bancentro. Isto poderá levar o banco a intervir na Cisa, para que continue a desenvolver as suas atividades habituais, a cumprir os contratos de exportação que celebrou e a cancelar a dívida.

A realidade é que os problemas do Grupo Mercon Coffee obrigaram a Cisa Exportadora a suspender os serviços que presta a milhares de produtores, através de assistência técnica, processamento, lavagem, secagem e exportação do grão. Isso gerou diversas teorias, entre elas a de que o assédio fiscal e as dívidas que tinha com algumas entidades financeiras provocaram um embargo e posterior encerramento.

Contudo, o problema não surgiu na Nicarágua nem é exclusivo do país, mas sim do Grupo que está presente em nove nações: Nicarágua, Guatemala, Honduras, Panamá, Brasil, Vietnã, Holanda, Estados Unidos e Espanha; e em todas elas a Mercon está suspendendo as operações, pois o fundo de investimento que comprou as ações com o compromisso de capitalizar a empresa não conseguiu fazê-lo.

Segundo informações divulgadas pela Mercon em seu site, Dulio Baltodano fundou a Cisa Exportadora em 1950 e depois foi adquirida por seu filho José Antonio Baltodano, que a fez crescer e na década de 1980 fundou o Mercon Coffee Group, que com o tempo ampliou sua atuação para. nove países e estabeleceu sua sede na Holanda e uma subsede em Barcelona, Espanha.

A Cisa Exportadora dedicava-se à compra, processamento e distribuição de café, contava com escritórios e agências comerciais em todas as áreas cafeeiras da Nicarágua. Durante a época da colheita, ativou uma rede de mais de uma centena de pontos de compra, com os quais facilitou a recepção, lavagem e transferência do café para os moinhos para posteriormente secá-lo e exportá-lo. Também possui a única usina que processa café robusta no país. Na época da colheita, geralmente de outubro a março, contratou cerca de quatro mil funcionários temporários.

Anualmente, a Cisa exportava cerca de metade de cada colheita, o que significa que nos últimos anos essa quota rondou os 1,50 milhões de sacas de 46 quilos de café, que no último ano bateu um recorde de produção e as exportações totais ultrapassaram os 3 milhões de sacas de 46 quilos. Além disso, o café atravessa atualmente um período de bons preços que ultrapassam os US$ 200 por quintal (saca de 46 quilos).

“Há algumas informações um pouco confusas, mas a venda da Mercon foi concluída mais ou menos em julho. Essa venda foi basicamente para quitar dívidas. Parece que a empresa estava em dificuldades, estava praticamente falida e os proprietários não tinham mais nada”, explica um economista próximo da empresa que pede anonimato por medo de represálias.

Isso significa que o fechamento da Cisa Exportadora é consequência da falência do Grupo Mercon Coffee. Porém, o economista admite que em meio à surpresa com o fechamento da exportadora em plena safra, desencadeou uma série de boatos. Entre eles está que o assédio fiscal teria levado a empresa à falência, situação irreal porque se tivesse ocorrido teria causado dificuldades apenas na Nicarágua e o problema é global.

“Definitivamente tudo indica que se trata de uma falência global da empresa e obviamente de um encerramento das operações, não só na Nicarágua mas de todas as operações. Lembremos que a Mercon era uma das principais comercializadoras de café do mundo e a empresa que comprou essa dívida provavelmente queria garantir o segmento do mercado global de café”, explica o economista.

O jornal La Prensa procurou explicações junto aos funcionários da Cisa Exportadora, mas eles não responderam às ligações, mensagens ou e-mails. No entanto, pessoas próximas da empresa confirmaram-nos que não podem dar qualquer explicação, uma vez que, há vários meses, a operação está nas mãos do fundo de investimento americano que a adquiriu. A única coisa que sabem é que os representantes do referido fundo prometeram emitir um comunicado nas próximas horas ou dias explicando o que está acontecendo com o grupo Mercon.

Além disso, por meio de pessoas próximas à família Baltodano, o jornal soube que eles venderam mais de 70 por cento das ações, portanto são agora acionistas minoritários da Mercon e não têm influência na tomada de decisões. Portanto, têm as mesmas preocupações que todas as pessoas envolvidas com as empresas do grupo Mercon, já que até agora o futuro do grupo é incerto.

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