à secagem abaixo de 20% de umidade, tolerantes à secagem abaixo de 9% e,
posteriormente, intermediárias quanto às condições de armazenamento referentes à
umidade e temperatura. Acontece que a ciência ainda não desvendou esta
controversa, havendo consideráveis divergências entre os estudiosos desde a
década de 1930. No intuito de encontrar as condições ideais para a conservação
de sementes de café, a pesquisadora da Embrapa Café, Sttela Dellyzete Veiga
Franco da Rosa, após pesquisas realizadas por sua equipe da Universidade Federal
de Lavras (UFLA), alerta para que a classificação do café como tolerante à
dessecação até 9-11% seja revista.
A segurança no armazenamento de sementes de café garante não apenas a
otimização na produção de mudas, quanto a conservação em longo prazo de material
do banco de germoplasma brasileiro desta espécie. A pesquisadora, que se
especializou na temática em tolerância à dessecação, durante pós-doutoramento na
Ohio State University, nos EUA, questiona a atual classificação de sementes de
café como intermediária, já que, em experimento, as condições de armazenamento
com 11-12% de umidade e 10°C, recomendadas para a espécie, resultaram em mudas
fora do padrão de qualidade para o plantio. As conclusões deste estudo sugerem
que o café, diferente de outras culturas, perde a qualidade de germinação das
sementes e, principalmente, o vigor vegetativo das mudas, quanto mais seca e
menor for a temperatura submetida na conservação das sementes.
As pesquisas buscam agora identificar o teor de água ideal para a conservação
de sementes de café, sendo que atualmente o recomendado para a produção
comercial de sementes é a colheita dos grãos no estádio de maturação cereja e
secagem ao redor de 10% de umidade.
Em outro experimento conduzido no Sul de
Minas, em propriedade de café em Santo Antônio do Amparo, são avaliadas a
velocidade de emergência e a qualidade das mudas produzidas a partir de sementes
armazenadas com diferentes níveis de umidade e temperatura. Resultados
preliminares indicam que as sementes de café estariam mais próximas daquelas
sementes que não toleram a secagem, apresentando máximo vigor em condições
úmidas.
Redução do tempo do teste de
germinação
Além do baixo potencial de armazenamento,outra característica indesejável de
sementes de Coffea arabica é que apresentam germinação lenta e desuniforme. Todo
produtor de semente deve ter um laudo técnico do lote que garanta pelo menos 70%
de germinação das sementes em teste padrão que leva em média 30 dias, segundo as
Regras de Análises de Sementes (RAS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. No entanto, a caracterização das fases de crescimento das
plântulas, desenvolvida pela equipe da pesquisadora, com base nas mudanças
morfológicas, ao invés do tempo após a semeadura, indica que o teste padrão de
germinação das sementes poderia ser substancialmente para 15 dias.
Oito estádios de crescimento da plântula foram descritos e os resultados
demonstram que 15 dias seria o prazo suficiente para a visualização de todas as
partes essenciais e verificação da viabilidade da semente, para emissão de um
laudo seguro. Nas condições do teste de germinação, as folhas são observadas
geralmente entre 30 e 45 dias após a semeadura, não sendo necessária sua
visualização para que a plântula seja considerada normal e viável.
Na visão da equipe da pesquisa, reduzir o prazo do teste de germinação tem
inúmeras vantagens técnicas, porque racionaliza o uso dos laboratórios, diminui
o risco de infestações por micro-organismos e equívocos nas avaliações. Além
disso, os produtores de semente terão melhores condições de cumprir a legislação
com tempo reduzido para obter o laudo necessário à comercialização. Após as
pesquisas para a validação da nova tecnologia, a redução do teste padrão de
germinação poderá agilizar a distribuição e comercialização de sementes e mudas,
com conseqüentes melhorias nas condições de implantação da cultura.
Cibele Aguiar (MTb 06097/MG)
Embrapa Café
www.embrapa.br/cafe
cibele@sapc.embrapa.br