Pesquisa aponta otimismo no setor rural

17 de setembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Valor Econômico

17/09/09


Cenários: Segundo o instituto Kleffmann, 70% dos produtores consultados confiam em colheita igual ou melhor


Mauro Zanatta, de Brasília


O setor rural vive um clima de otimismo. Mais identificados com a oposição ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os agricultores afirmam estar satisfeitos com a condução da economia, admitem ter melhorado suas condições financeiras e, embora reprovem a ação federal na política agrícola, apostam na manutenção dos investimentos para a nova safra (2009/10).


Entusiasmados com o bom cenário no próximo ciclo, 70% dos 3.369 produtores de soja e milho consultados pelo instituto de pesquisa Kleffmann apostam em condições iguais ou melhores para a colheita no ano da eleição presidencial. O levantamento “Índice de Confiança do Agronegócio”, uma estatística inédita no Brasil, aponta que apenas 27% esperam um período de “vacas magras” no próximo ciclo das lavouras.


“Estamos num ano complicado, há muita incerteza ainda, mas os produtores parecem mais otimistas e contentes com o governo”, avalia o gerente da Kleffmann Group na América Latina, Lars Schobinger. A multinacional alemã é especializada em pesquisas de produtos para o agronegócio e atua em 60 países.


O otimismo dos produtores rurais destoa da “choradeira” das lideranças classistas em busca de nova renegociação de dívidas e da insatisfação da bancada ruralista com o governo por causa do “arrocho” nas leis ambientais e da revisão dos índices de produtividade agropecuária para fins de reforma agrária.


Realizado nos 16 principais Estados agrícolas do país, no fim de agosto, o levantamento mostra que 1% dos produtores considera “excelente” o atual governo e outros 40% classificam como “boa” a gestão de Lula. Mais: 45% dos consultados afirmaram ser “boa/excelente” a política econômica do governo, embora a questão cambial, decidida na esfera federal, seja crucial para o setor rural. Os mais críticos são os produtores paulistas e baianos.


Mesmo entre quem considera “ruim/péssima” a política agrícola do governo, 46% entendem que o setor está melhor hoje do que no ano passado. “Os índices de aprovação ao governo no setor são baixos quando comparados a outras sondagens”, analisa Schobinger. “Mas surpreende essa avaliação positiva porque o produtor sempre exige apoio mais forte e o ano foi complicado para o setor”, afirma ele.


A sondagem da Kleffmann oferece pistas. O governo tem mais reprovação em São Paulo, onde a cana-de-açúcar e as usinas de etanol têm situação delicada, e na Bahia, cujo carro-chefe (algodão) tem os preços mais baixos em muitos anos. Mato Grosso, prejudicado pela logística desfavorável, e Paraná, afetado por quebras derivadas do clima, também têm altos índices de rejeição ao governo federal.


A fatia mais feliz com o governo está no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, onde Lula tem 2% de “excelente”. A razão parece estar na forte atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário em favor dos produtores familiares, base eleitoral histórica de Lula e do PT. “No Sul, onde o desembolso para investimento por propriedade é 40 vezes menor do que em Mato Grosso, é grande o apoio dos mini e pequenos produtores ao governo”, observa Lars Schobinger.


O retrato do pensamento dos produtores rurais aponta, ainda, que 15% dos produtores preveem elevar os investimentos em suas propriedades neste ano, sobretudo por meio da aquisição de máquinas e o uso de um alentado pacote tecnológico e fertilizantes, sementes e defensivos. Mais cautelosos, 72% afirmaram preferir a manutenção desses investimentos no novo ciclo. “Nos surpreendeu a disposição de investimento, principalmente em máquinas”, avalia Schobinger.


A pesquisa aponta que, mesmo sob os efeitos da crise financeira internacional, 23% dos produtores admitem ter melhorado sua situação financeira neste ano em comparação com 2008. Outros 23% informam ter piorado suas finanças e 52% mantiveram a situação do ano anterior. “Mesmo em anos voláteis, não se tira o pé de forma tão forte como em outros setores”, diz o gerente da Kleffmann.


 

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