Médicos alertam que o uso indiscriminado de energéticos pode causar dependência
Enquanto a mistura de energético com bebidas alcoólicas vira sensação nas noites cariocas, invenção vem rendendo inúmeras discussões entre médicos e profissionais de saúde. Apesar de não existirem pesquisas que comprovem qualquer efeito positivo ou negativo relacionado à associação, especialistas da área garantem que a adição das duas substancias é perigosa.
Composto por glucoronolactona, taurina e grandes níveis de cafeína, os energéticos foram desenvolvidos especialmente para repor força e energia a atletas e pessoas que precisam espantar o sono. Indicados ao consumo isolado, a mistura da cafeína com o etanol, principal componente das bebidas alcoólicas, pode acarretar em sérios riscos de saúde.
– A curto prazo o uso destas misturas pode levar a alterações no comportamento psíquico. A médio prazo os problemas podem ser de ordem cardíaca, já o abuso a longo prazo leva a alterações mentais – afirmou o coordenador do Centro de Estudos de Prevenção e Reabilitação do Alcoolismo (CEPRAL) da UFRJ, José Mauro Braz.
Apesar da falta de pesquisas especializadas no assunto, a maior prova de que os riscos são reais está na própria latinha de energético, onde há a informação de que não é recomendado o consumo com bebida alcoólica. De acordo com a nutricionista e mestre em ciência da saúde Tatyana Dall Agnol o uso da bebida varia de lugar para lugar.
– A recomendação na lata é por causa da legislação brasileira. Mas isso é de acordo com cada país – destacou. – Na Dinamarca, por exemplo, os energéticos só são vendidos em drogarias. Eles consideram que a taurina, uma das substâncias, é medicamento.
Dez xícaras de café
De acordo com o professor doutor do departamento de Farmacologia da UERJ Marcos Rochedo, em altas doses, o álcool pode causar efeitos sedatórios, o que se opõe aos efeitos excitantes da cafeína.
– O etanol pode estimular a obstrução dos vasos sanguíneos, enquanto isso a cafeína faz o coração bater mais forte e isso faz o sangue circular mais. Daí os riscos de problemas cardíacos – explicou o farmacêutico. – Além do mais, o etanol é depressor e a cafeína excitante, os dois agem sobre os neurônios inibitórios e excitatórios e interferem na transmissão nervosa.
Em cada latinha de energético, com 250 ml, pode ser encontrada uma média de 80 mg de cafeína – o que corresponde a 10 xícaras de café. Para o psiquiatra Jomar Rolland Braga, o uso da substância pode se transformar em vício.
– Segundo os americanos, até o uso excessivo de cafeína gera dependência. E a falta da substância pode causar, até mesmo, uma espécie de síndrome de abstinência.
[ 03/08/2008 ] 02:01