Origem do café no Espírito Santo

Por: Cooabriel

O cultivo dos cafezais capixabas, iniciou-se sob influencia do Rio de janeiro na metade do século XIX. O café chegou em terras capixabas pelo sul e com o decorrer dos anos a cafeicultura foi se consolidando como atividade econômica para o estado, consequentemente, para o Brasil.

Naquele período o café, mostrava vantagens comparativas conquistando, progressivamente, áreas antes cultivadas com cana-de-açúcar. Toda a estrutura produtiva canavieira foi reproduzida nos cafezais: monocultura e regime escravocrata.

A atividade cafeicultora não se traduziu nesse início em um novo padrão de desenvolvimento econômico, mas em uma substituição interna no modelo primário exportador canavieiro.

A expansão da cafeicultura foi rápida, pois em 1850 já era notável a importância da cultura no setor econômico capixaba. Graças a ela, foram surgindo estradas de rodagem, navegação interprovincial, construção de ferrovias, crescimento das atividades do Porto de Vitória, que beneficiaram ainda mais o desenvolvimento econômico para o estado do Espírito Santo.

A região norte do Estado teve sérios problemas na implantação do café, uma vez que faltava mão de obra. Entretanto, de 1892 a 1896, o produto atraiu milhares de imigrantes estrangeiros e nacionais, solucionando a carência de mão de obra.

Entre 1930 e 1960, a economia do país – principalmente a do estado do Espírito Santo – ficou fragilizada devido as crises que ocorreram na cafeicultura brasileira. Os preços do café declinaram e o desempenho da produção brasileira apresentava uma acentuada queda.Em 1962, o Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura , GERCA, elaborou um programa para erradicalização dos cafezais situados em regiões brasileiras inaptas e que representavam produtividade inferior a 6 sacas beneficiadas/1.000 pés, consideradas anti-econômicas. Resultado: 235 milhões de pés foram destruídos e 239 mil hectares de terra estavam liberadas. O programa deu errado e provocou desemprego no setor agrícola devido ao êxodo rural.

Alarmados com a crise econômica, as autoridades do Governo Estadual e os empresários, em geral vinculados à atividade cafeicultora, passaram a pressionar os órgãos Federais. Logo, por meio de um acordo entre o Governo Estadual e o Instituto Brasileiro do Café (IBC), repassaram recursos que auxiliariam a retomada da atividade econômica estadual. E somente em 1969, passou a operar um mecanismo e incentivos fiscais vinculados ao Governo Estadual, com política nitidamente voltada para a industrialização e a variedade da economia cafeeira.

Atualmente, o Espírito Santo é o maior produtor brasileiro de conilon, com 70% da produção nacional do Robusta, e a variação de 2,5 a 3,5 milhões de sacas por ano.

DADOS DO PARQUE CAFEEIRO CAPIXABA – CETCAF




















Café Conilon

Idade das Lavouras Densidade Média de Plantio
Até 1 ano 2.091 plantas por hectare
De 1 a 2,5 anos 2.021 plantas por hectare
Em produção 1.611 plantas por hectare
Fonte: CETCAF

 


A MARCHA CAFEEIRA NO ESPÍRITO SANTO


 O cultivo de cafezais do Rio de Janeiro, em meados do século passado, irradia-se para o Espírito Santo. Na Segunda metade do século XIX, a cafeicultura passa a substituir os canaviais, tornando-se, progressivamente, a principal atividade absorvedora dos capitais disponíveis.


Assim, a cafeicultura capixaba inicia-se pelo primeiro plantio Ter sido realizado, segundo historiadores, em Linhares, região norte. A atividade cafeicultora não se traduziu nesse início em um novo padrão de desenvolvimento econômico, mas em uma substituição interna no modelo primário exportador canavieiro. O café, naquele período, mostrava vantagens comparativas conquistando, progressivamente, áreas antes cultivadas com cana-de-açúcar. Toda e estrutura produtiva canavieira é reproduzida nos cafezais: o regime escravocratas e a grande propriedade monocultora.


“Tão vigorosa foi a expansão da cefeicultura que, apenas entre 1852 e 1862, a exportação deste produto passou de 95053 arrobas para 223442 arrobas. No mesmo período, a exportação de açúcar caiu de 117021 arrobas para 30053 arrobas (CASER, 1992)”.


Com o tempo, a cafeicultura se implantou de maneira mais vigorosa nas terras do sul, onde prevaleciam os baixos preços das terras, em sua maior parte ainda devolutas, com florestas de difícil penetração.


“A cultura do café, repetiu no Espírito Santo o que tinha induzido em outras regiões por onde passou: geração de excedentes econômicos que possibilitavam o investimento em potros setores da economia como ferrovias, estradas, navegação, bom como a fixação de numerosos núcleos de imigrantes (BANCO DE DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO SANTO, 1987)”.


 


Da crise de 30 aos anos 60


A crise da cefeicultura dos 30 trouxe à tona a fragilidade da economia estadual e, a partir de então, começaram a ser gestadas políticas visando a diversificação produtiva.


O desempenho da cafeicultura brasileira e capixaba apresentou um  tendência de crescimento da produção entre 1938 e 1968. Até meados da década de 50, a produção de café mantém-se estabilizada no patamar de 1,7 milhão de sacas de 60 kg. Dois fatos favorecem uma intensificação no plantio capixaba e nacional nessa década. Entre 1950 e 1954 houve preços compensadores em função da elevação dos preços internacionais.


Já entre 1954 e 1957 pratica-se uma política cambial de desvalorização da moeda nacional que aumentou a remuneração nominal dos produtores, provocando aumento da produção cafeeira brasileira e capixaba.


Porém, os anos 60 mostraram-se dramáticos para a cafeicultora, fazendo dessa década um período de reestruturação. Por um lado, aprofunda-se a crise no mercado do café com preços declinantes. Por  outro, “a debilidade do setor industrial e das demais atividades urbanas, incapazes de suplantar a queda da atividade econômica advinha da crise cafeeira, configuravam uma sitiação sem precedentes na história do Espírito Santo (ROCHA & MORANDI, 1991)”.


A crise repercute fortemente sobre o desempenho da produção brasileira que mostra uma acentuada queda na produção cafeeira. No período de 10 anos (1958-1968), a produção anual capixaba decresce cerca de 1.0 milhão de saca.


Em 1962, o plano elaborado pelo GERCA – Grupo Executivo de Racionalização da Cafeicultura, instituída por autoridades governamentais do Instituto Brasileiro do Café (IBC), é posto em prática, prevendo uma erradicação dos cafezais situados fora do zoneamento agrícola (regiões inaptas para o café) e que representassem produtividade inferior a 6 sacas beneficiadas/1.000 pés, considerada antieconômica.


Foi no Estado do Espírito Santo que a política de erradicação, teve maior impacto, provocando uma profunda crise social, devido, principalmente, ao problema do desemprego no setor agrícola, que provocou êxodo de famílias para as cidades.


Alarmados, as autoridades do Governo Estadual e o empresariado,  em geral vinculado à atividade cafeicultora, passaram a pressionar os órgãos Federais e através de um acordo entre o Governo Estadual e IBC, foram repassados recursos que auxiliariam a retomada da atividade econômica estadual. E somente em 1969, passa a operar um mecanismo e incentivos fiscais vinculados ao governo estadual, com política nitidamente voltada para a industrialização e diversificação da economia cafeeira.

 

O SURGIMENTO DO CAFÉ ROBUSTA (CONILON)


A partir dos anos 70, o IBC volta a estimular o cultivo de cafezais. As áreas liberadas pela erradicação abaixo de 450 metros de altitude, não encontravam alternativas viáveis fora da cafeicultura, ficando impedidos de tomar crédito para o plantio da rubiácea. Além da altitude, aponta-se outros fatores que contribuem para o impedimento dessas áreas ao cultivo de arábica – altas temperaturas e umidade são inimigos dos cafezais.


A introdução do café robusta no Espírito Santo  ocorre, na realidade, no final da década de 20. As primeiras sementes foram plantadas no município  de Cachoeira de Itapemirim. Havia um forte preconceito com relação ao robusta, pois esse café competia com o brasileiro, no mercado, estruturado por três tipos; suaves, brasileiro e robusta. Os países consumidores, sobretudo, os da Europa, produziam misturas com cafés suaves e robustas, substituindo o café brasileiro e gerando uma resistência interna ao robusta. porém foi apenas após a política de erradicação implementada pelo GERCA que o robusta começa a surgir como alternativa.


A abundância de recursos fartamente subsidiados e a tradição dos cafeicultores, fizeram surgir toda uma mobilização para que o IBC financiasse lavouras de café robusta, apto para regiões onde estava impedido o cultivo do arábica.


Inicialmente, houve resistência das regiões que cultivavam arábica. Os produtores temiam que as lavouras de robusta viesse a substituir os cafés mais finos, dados os menores custos de produção e a elevada produtividade do robusta.


Por outro lado, sendo o Brasil, um país signatário de Acordo Internacional do café (AIC), temia-se que a inclusão do robusta viesse a promover uma divisão da cota brasileira entre arábica e sendo esse último menos valorizado no mercado internacional, levaria a diminuição na receita cambial do país.


“Este conjunto de fatores levou os produtores a iniciarem por conta e risco as respectivas lavouras de conilon, sem qualquer auxilio financeiro do governo”.


Fonte: COOABRIEL – Relatório de atividades de 1997

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