OPINIÃO – LIMPEZA NA SUJEIRA DO SISTEMA COOPERATIVISTA RURAL! – por Silvio Nisizaki

28 de setembro de 2009 | Sem comentários Mais Café Opinião

Silvio Marcos Altrão Nisizaki Coromandel – MG

“LIMPEZA NA SUJEIRA DO SISTEMA COOPERATIVISTA RURAL!”

Eu não vejo como problema a ameaça da frente parlamentar da terra em abrir uma CPI contra as cooperativas de produção, muito pelo contrario, acredito que já passou da hora de separarmos o “JOIO DO TRIGO”.

Existem muitas cooperativas e todos os dias mais algumas são criadas apenas para aproveitar dos benefícios concedidos pelo governo. Entretanto, em nada representam os interesses dos produtores, se transformaram em mega-empresas, cuja importância do lucro financeiro sobrepõe aos interesses sociais pela qual foram criadas.

Vejamos o exemplo dentro da cafeicultura, aonde durante mais de 13 anos o cafeicultor vem se descapitalizando, perdendo seu poder econômico, seu capital, enquanto muitas destas cooperativas se vangloriam de novos Records de faturamento e exportação.

Quanto aos cooperados sobram as palavras de incentivo como:

– Vocês devem cortar custos: mecanizar a colheita e diminuir a mão de obra.
A cafeicultura é uma cultura centenária e sempre empregou milhares de pessoas, estas trabalhavam nas lavouras morando nas colônias e trabalhando no sistema de meeiro, todos criavam seus porcos (carne e banha), galinhas (ovos), plantavam seu feijão e arroz entre as ruas de café, tudo isso possibilitava uma economia doméstica dependente apenas do sal, querosene e farinha. Um modelo perfeito de reforma agrária. Acredito que nunca se fez um modelo de distribuição de terras tão organizado como na cafeicultura, pois a economia doméstica proporcionou a economia financeira, que levou a possibilidade do empregado comprar seu quinhão de terra e ter seu próprio cafezal.

Infelizmente, as leis trabalhistas que vieram para proteger o trabalhador urbano, acabou com o sonho do trabalhador rural.

Agora pergunto para estes espertes destas cooperativas que nos orientam a cortar os custos, principalmente com a mão de obra:

1- Se vocês são funcionários da cooperativa, consequentemente são funcionários de quem?
2- Quem paga vossos salários?
3- Quem proporciona a tão famosa bolsa estudo para o funcionário que deseja almejar uma faculdade?
4- Quem paga as famosas vacinas para o funcionário não ficar gripado, sim, aquela vacina que é gratuita para o idoso, mas que custa os olhos da cara para os demais?
5- Quem banca os planos odontológicos e médicos dos funcionários e de toda sua família?
6- Quem paga o 13º salário, 14º salário etc…, sim, pois existem cooperativas que redistribuem os resultados positivos para os funcionários na forma de 14º, 15º, 16º etc..?
7- Quem paga o plano de aposentadoria privado criado pelas próprias?


Minhas respostas:


1- Quem paga vossos salários, é o produtor rural (cafeicultor) aquele que a mais de 13 anos está trabalhando no prejuízo e perdendo o que tem. Portanto, somos seus patrões, e agora criaram um termo novo para o empregado da cooperativa (meu empregado) “COLABORADOR”, como se o nome empregado não fosse digno de ser pronunciado. Agora, aqueles que estão tomando sol na cara, trabalhando para tirar o café do pé, ganhando o pão de seus filhos merecem ser mandados embora para cortar custos e ainda serem chamados de peões.


2- Empregados, chamarei assim a todos os “colaboradores das cooperativas, pois este é o termo certo e não se envergonhem disso, quem paga vossos salários são os peões que retiraram o café da roça, e o cafeicultor que assumiu todos os riscos de produção para colocar cada saca de café beneficiada dentro de seus barracões, que mais tarde irá se tornar em moeda para pagar a folha de pagamento.


3- Enquanto vossas senhorias (empregados) ganham bolsa de estudo para as faculdades bancadas pela nossa cooperativa, consequentemente pelo nosso capital, os peões (aqueles que devem ser mandados embora para cortar custos) nem o direito de sonhar em mandar o seu filho para escola pode ter, pois lhe falta o dinheiro para o material escolar, e seu futuro já esta marcado em ser um peão (bóia fria) ou bandido, pois enquanto os peões trabalham (pai e mãe) os filhos estão largados pelas ruas.
E o produtor, como fazer para explicar ao seu filho que apesar de estar produzindo o café que paga vosso salário, não pode lhe dar uma faculdade ou um estudo mais digno.



4- Quanto à saúde, nós produtores temos toda a responsabilidade sobre nossos peões, e se estes se machucarem no trabalho devemos levar de forma urgente para os hospitais associados ao famoso SUS, esperar horas por atendimento e rezar pela melhoria.
Quanto ao produtor e sua família, rezem para não ficarem doentes, pois o destino é o mesmo dos nossos peões, não temos plano de saúde ou dentário.


5- Salário dos peões não pode passar de 1,5 salários na colheita, sem direito a férias, 13ª etc, pois o preço do café esta tão baixo que temos que trabalhar na clandestinidade.
Que salário o produtor possui, férias nem pensar, direitos trabalhistas ………


6- Aposentadoria, bom…… Nós os cafeicultores esperaremos junto com nossos peões a grande gratificação por tantos anos de sol na cara, dentes podres, doenças (reumatismo, coluna, câncer etc…) na fila do INSS para receber o beneficio de R$465,00 hoje, e se ainda conseguirmos provar apesar de nossa imagem mórbida por tantos anos de sofrimento, o que alegra o sistema, pois sabem que pouco tempo durara o gasto com o nosso beneficio. Entretanto, vocês, nossos empregados além do INSS terão a pensão particular, um carro para pescar aos finais de semana, netos para aproveitar a velhice, e uma história de esperteza em seu currículo.


ASSIM, ESTOU DE PLENO ACORDO EM SE FAZER UMA CPI PROFUNDA EM TODAS AS COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO, SEJAM ELAS DE CAFÉ, GRÃOS, SUINOS ETC. POIS, “NÃO QUEREMOS QUE NOSSOS EMPREGADOS SEJAM TRATADOS COMO PEÕES, MAS SIM QUE NÓS, OS PEÕES SEJAMOS TRATADOS COMO EMPREGADOS”.
LIMPEZA JÁ!!!!!!!!!!!!!!


A COOPERATIVA QUE TIVER CORAGEM E (SEM RABO PRESO) QUE CONTESTE!!!!!


 


Comentários


Silvio Marcos Altrão Nisizaki Coromandel – MG

ESCLARECIMENTO

Hoje, felizmente, tive a oportunidade de ter uma das melhores experiências de minha vida na cafeicultura e no cooperativismo. Após meu artigo sobre a ameaça feita pela frente parlamentar da terra em abrir uma CPI contra as cooperativas de produção, fui questionado por vários de nossos empregados (que trabalham em nossas cooperativas) sobre minhas palavras. Portanto, sempre mantendo a linha de caráter de assumir minhas opiniões em tudo que escrevo, venho através desta explicar a todos os funcionários de nossas cooperativas (café), que meu artigo tem como intuito alertar a todos os empregados que, enquanto os seus direitos como trabalhadores garantidos por lei (CLT) são mantidos, aqueles que criam a riqueza para sustentar este sistema estão sendo eliminados de suas atividades.

Nós, como cafeicultores, não queremos que os direitos de nossos trabalhadores sejam eliminados, e muito menos que demissões sejam realizadas tanto nas cooperativas como em nossas fazendas. Portanto, defendo através de meu artigo que os nossos empregados, aqueles que nos atendem no dia a dia, olhos nos olhos, aqueles que escutam nossas lamurias e que vivem nossa situação, entendam que para que seus postos de trabalho continuem a existir, é necessário que nós os produtores e patrões consigamos sobreviver e gerar renda através de nossa produção. CAFÉ NÃO SE PRODUZ DENTRO DE BARRACÕES!!!



Carlos Augusto Alves Ferreira Ribeirão Preto – SP


Caros amigos cafeicultores, concordo plenamente com o comentario do Silvio Nisizaki em relação às cooperativas de produção. Acho que tem que ter uma CPI geral tanto na de produção quanto na de credito…, tudo o que foi dito pelo amigo Silvio é a pura realidade que vem acontecendo nos balcões das cooperativas. Ao meu ver estas cooperativas perderam a finalidade de cooperativismo…, elas hoje são simplesmente maquinas de gerar lucros, só que não sei pra quem, pois nós que a mantemos estamos quebrados e os dirigentes sorrindo, batendo recordes e mais recordes. Alguma coisa esta errada e precisa ser apurada.



CLAUDIO MEDEIROS GRISOLIA Dourados – MS


Cooperativas : os verdadeiros culpados.


Ao me deparar com o tema cooperativismo e a iminência da instalação de uma CPI para investigação do setor, uma pergunta me vem à cabeça: Na possibilidade de ocorrerem problemas no sistema cooperativista brasileiro, quem seriam os responsáveis? Quais são as razões que tem levado o produtor brasileiro a buscar o sistema? Verificamos que, na maioria das situações, o produtor busca a cooperativa para se proteger de uma economia de mercado cada vez mais inóspita e que, diante dessa situação, o associativismo possa ser o caminho para superar dificuldades e aproximar das oportunidades.


No entanto, alguns produtores têm usado o sistema para se blindarem diante das dificuldades de mercado e os mais espertos acabam participando das “diretorias”, na tentativa de perpetuar suas vantagens diante dos demais e para tanto usam e abusam do poder. Alguns funcionários acabam se alinhando com os interesses corporativos dessa minoria colaborando para contaminar o sistema. Mas, em última análise quem são os culpados disso? Nós, cooperados, em tempos de melhor condição econômica fomos de certa forma omissos e complacentes, deixando de se interessar pela gestão da cooperativa e, inclusive, de participar da maioria das Assembléias as quais, diante de tão escasso quorum, poderiam ser facilmente manipuladas pelos mesmos espertos que facilmente poderiam anular qualquer tentativa de manifestação contrária, relegando o “subversor” ao ridículo. Por isso tantos bons cooperados se resignaram e se afastaram da Cooperativa.


O cooperativismo possui belos exemplos no mundo e também alguns no Brasil…, no entanto, a falta da nossa participação, o uso oportunista e individualista do sistema, e a falta de conhecimento cooperativista nos fez perder as rédeas das nossas cooperativas. A CPI deveria dar lugar à mudança de atitude dos cooperados, exigindo a renovação das diretorias através dos instrumentos amparados na legislação cooperativista e nos estatutos das mesmas.


A falta da nossa participação e o desvio diante das nossas responsabilidades foi determinante no fracasso de várias cooperativas brasileiras. Julgo ser a mudança de atitude muito mais eficaz para o aprimoramento do setor do que uma CPI que já deu inúmeras provas de não levar a nada.


 
Fabiana Franco – Araxá MG

Sílvio Nisizake, seu texto sobre a CPI nas cooperativas só fala verdades, muito bom mesmo. Agora só uma dúvida, essa CPI é somente das cooperativas de produção ou seria também das cooperativas de crédito rural?


João Paulo Ribeiro – Nova Resende MG

Olha acho que todas as pessoas que aqui colocaram suas posicoes estao de parabens nada mais que a verdade aqui foi dito pois de nada adianta bater recordes e mais recordes se quem realmente da sua cara a tapa para produzir nao consegue sequer pagar um plano medico ou estudos para seus filhos , isso e uma vergonha cpi ja chega sem cooperado nao a cooperativa ,a patota toma suas decisoes como ditatores fui em uma assembleia da c xxxx para ver como seria dividido o pepro o ditador chefe se levantou e disse a cxxxxx nao tem grande nem pequeno vai dividido igual e ponto pois assim eles poderiam ser os mais beneficiados deixando assim de respeitar o limite dado pelo governo, o pequeno ficou com os ossos e outros com a carne se isso nao for motivo de cpi nada mais e passaram com o livro de presenca colocaram outra coisa em votacao assinamos e depois saiu n a imprenssa que a cxxxxx decidiu em assembleia mentira provo as pessoas que comigo estavam resolveram nunca mais voltar em assembleia pois somos feitos de bobos diariamente mais nao tao descaradamente
 



 



 

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