O TEMPO – SOS café mineiro

OPINIÃO
20/03/2009 
  

 
 
Dalmo Ribeiro
Deputado estadual (PSDB-MG) – gabdrs@almg.gov.br


Minas Gerais é afetada pela crise mundial, que já é uma realidade no Brasil. Além do setor de mineração, a agricultura mineira, em especial o setor cafeeiro, sofre os efeitos da recessão, que se refletem em altos custos de produção e baixo preço do produto no mercado nacional e internacional.


Observa-se de um lado o aumento de 300% no valor do insumo nos últimos dois anos e, de outro, uma queda de 50% no volume de venda do café – já que, com a crise mundial, as exportações também recuaram fortemente.


Hoje, a crise no setor afeta em cheio Minas Gerais: somos responsáveis por 50% da produção nacional de café, com 1,1 milhão de hectares de lavouras de café e mais de 100 mil produtores, que geram 4 milhões de empregos e movimentam 20 milhões de sacas por ano.


Na luta contra a crise, os cafeicultores, associações comerciais e lideranças políticas se mobilizaram e promoveram, na segunda-feira, 16 de março, o movimento “SOS Café”. Os produtores rurais desse importante setor da economia mineira, e também os representantes de toda a cadeia que depende direta ou indiretamente dessa cultura, encontraram-se em Varginha para defender o fomento de políticas públicas para o café. O local escolhido pelo movimento não foi aleatório, uma vez que a cidade é uma das maiores cidades do Sul de Minas – região do Estado mais afetada pela crise que tem na cultura do café o seu principal produto de exportação.


Mais de 25 mil pessoas marcharam pelas ruas de Varginha, com a boca lacrada por uma tarja preta na qual estava escrito “Eu quero o direito de pedir ajuda. Por você”. A categoria protesta para que seja fixado um preço mínimo de R$ 320 para a saca do produto e para que o pagamento das dívidas dos produtores seja feito em produto.


A solução, porém, para esse grave problema precisa vir do âmbito do governo federal. Sabendo das dificuldades vividas pelos nossos produtores, o governador Aécio Neves, no início de dezembro, por ocasião do 4º Fórum dos Governadores do Nordeste, em Recife (PE), apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva as reivindicações dos produtores rurais para o enfrentamento da crise.


Aécio pediu ao governo federal a suspensão imediata das dívidas da cafeicultura, para que os produtores consigam recuperar a estabilidade do fluxo de pagamento dentro da cadeia produtiva. O governador também solicitou que seja feito um novo contrato de opção de venda de café, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O objetivo seria tirar de circulação 6 milhões de sacas para garantir os preços da safra deste ano.


Tudo indica que esse momento de crise mundial não será passageiro, uma “marolinha” – como classificou o presidente da República. Por isso, o governo federal, com a ajuda dos governos estaduais e municipais, precisa tomar atitude firme e rápida que perpasse a crise e blinde a agricultura com políticas de garantia de preço e seguro rural.
 

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