O solúvel como solução

26 de janeiro de 2007 | Sem comentários Consumo Torrefação
Por: ANBA / AGÊNCIA MEIOS








Divulgação
Anúncio do Café Pelé: companhia está presente no mundo árabe desde os anos 70
Anúncio do Café Pelé: companhia está presente no mundo árabe desde os anos 70

São Paulo – Se o setor como um todo vem comemorando as conquistas dos últimos anos, um segmento anda preocupado. Quem produz café solúvel ficou particularmente abalado com o ano de 2006. Enquanto a venda de grão verde para o mundo subiu em 7,5%, as exportações de solúvel caíram 16,6%, deixando para trás o bom ano de 2005. Segundo Mauro Malta, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), em 2005 o setor teve um de seus picos históricos de exportações, vendendo 81,9 mil toneladas. No ano passado, baixou para 67,8 mil. O faturamento do segmento baixou de US$ 387,289 milhões em 2005 para US$ 385,148 milhões no ano seguinte.


As razões para tal baixa são variadas: dólar desvalorizado, matéria-prima valorizada (o preço do grão verde está mais alto) e uma incômoda taxa de 9% imposta pela União Européia para o café brasileiro desde janeiro de 2006. Além disso, os fabricantes de solúvel são obrigados a comprar apenas matéria-prima do mercado interno, não é possível fazer o chamado “draw back”, que consiste em importar matéria prima de outros países para depois revendê-lo processado – o que Alemanha, Estados Unidos e Itália fazem com o café brasileiro. “Impedidos de fazer isso, de comprar o café mais barato do momento, simplesmente estamos fora da competição”, lamenta Mauro Malta.


Mas nem só de lamentações vive o segmento. O café solúvel tem em sua história grandes feitos. Foi ele o primeiro produto brasileiro a chegar a países como a Rússia e a China. “A verdade é que somos grandes abridores de porta”, brinca Malta. A Rússia, hoje, é o grande mercado do setor. O Café Pelé, por exemplo, marca da empresa Cacique, tem um cuidado exclusivo com esse mercado, com ações de marketing permanentes no país e lançamentos de produtos novos. “O russo já conhece o nosso produto há muito tempo. Por isso, sempre temos que apresentar novidades”, diz o diretor adjunto de marketing internacional da Café Pelé, Haroldo Bonfá. A Cacique está presente também no mercado árabe desde a década de 1970.


A história do Café Pelé, ou da Cacique, é um pouco a história do café solúvel no Brasil. Criada em 1959, a fábrica Cacique tinha como intuito aproveitar um excedente de café do governo brasileiro que foi colocado à disposição de quem criasse empresas de café solúvel – até aquele momento, existia apenas a Nestlé. Outras poucas empresas surgiram dentro desse mesmo contexto, tais como Iguaçu e Real. Depois, durante a ditadura, as empresas viram que o tão esperado subsídio prometido pelo governo Juscelino Kubistschek não saiu como esperado.


Ainda assim, quem conseguiu, seguiu adiante. A Cacique, por exemplo, já em 1966, fez sua primeira exportação. E logo para os Estados Unidos, que tanto tentou impedir que o Brasil tivesse suas próprias fábricas de processamento. Em 1971, eles adquiriram a marca Pelé, que ficou mundialmente conhecida.


Hoje, das 18,5 mil toneladas vendidas, 40% são de Café Pelé, vendido para 52 países. O grosso, 60%, é vendido a granel para empresas de 80 países colocarem suas próprias marcas. E do total produzido na empresa, 98% é exportação.


Consumo


O café solúvel foi, nas últimas quatro décadas, o grande responsável pela valorização do café brasileiro como produto final. O café torrado e moído também começa a ganhar o mundo, mas sua história é mais recente. Segundo Malta, da Abics, é o solúvel o grande responsável pelo aumento do consumo no Brasil e no mundo.


“Um dado da Nestlé, apresentado no ano passado, mostra que entre 1994 e 2004 o consumo dentro de casa de café solúvel cresceu 26% enquanto o de torrado e moído cresceu 5%. Já fora de casa, nesse mesmo período, o consumo de solúvel cresceu 51% e o de torrado e moído, 22%”, compara. (Cláudia Abreu, Débora Rubin e Geovana Pagel)


Fonte: http://www.anba.com.br/especial_retranca.php?id_especial=338&id=263 Acessado em 26 de janeiro 2007


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