Somos o país que mais produz café no mundo e, num momento em que precisamos gerar mais empregos e aumentar o PIB, vamos importar café?
17 Fev 2017 – Serão 1 milhão de sacas de Conilon, de fevereiro a maio! Serão
250 mil sacas de café robusta chegando ao Brasil mensalmente! Usei a tribuna
hoje (16) para questionar esta decisão, aprovada por unanimidade ontem (15) pelo
Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (GECEX)⃰, órgão de
assessoramento da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).
Coloco sob suspeita aqueles que referendaram esta decisão: o GECEX, integrado
pelo Ministério das Relações Exteriores e pelos Secretários-Executivos da casa
Civil, do Ministério da Fazenda, do Ministério da Indústria, do Ministério do
Planejamento e da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da
Presidência da República. Coloco sob suspeita a Companhia Nacional de
Abastecimento, a CONAB, segundo a qual os estoques reduzidos do Espírito Santo,
Rondônia e sul da Bahia seriam insuficientes para atender as necessidades da
indústria de café solúvel brasileira e que, por isso, bateu palmas para a
redução do imposto de importação do café. E coloco sob suspeição também, caso
essa decisão prossiga, o Ministério da Agricultura, que solicitou a redução do
imposto de importação dos grãos.
É inimaginável que tenhamos que importar café, desonerar a importação de
café. Só no Espírito Santo, estado cuja queda na produção foi apontada como uma
das justificativas para a redução do imposto de importação, mas que se mantém na
liderança como maior produtor de Conilon no país, são mais de 56 mil
propriedades produtoras, aproximadamente 330 mil empregos diretos! E para quê
importaremos café? Para atender a indústria nacional que não produz emprego e
não produz PIB no café. Quem gera emprego e PIB no café é a produção!
Para que vamos importar café, quando o grão continua sendo o segundo produto
na pauta geral de exportações do país, gerador de emprego, renda e fator de
inclusão social? Segundo dados da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das
Regiões Produtoras de Café e Leite, Sincal, só em Minas, são 600 municípios,
aproximadamente 170 mil cafeicultores, quase 2 milhões de trabalhadores rurais,
além de toda uma cadeia de empregos indiretos ligados ao agronegócio do café!
Temos que proteger nossa produção, garantir nossa posição no mercado
internacional, gerar empregos, fortalecer nossa economia e não importar
café!
Por isso, coloco sob suspeição essa decisão. E lanço o alerta, Presidente
Michel Temer: isso poderá vir a ser mais um escândalo, como aqueles que a gente
já assistiu quando quiseram impor um novo extintor de incêndio para os carros no
Brasil ou um kit de primeiros socorros nos carros, que por fim se revelaram
frutos de acordos espúrios.
Eu quero, Ministro Blairo Maggi, que Vossa Excelência reflita antes de tomar
essa decisão. Somos respeitados mundialmente pelo nosso café, somos referência
em tecnologia na produção do grão. Devemos, realmente abrir mão desse status, ou
encontrar soluções para os possíveis problemas apontados por aqueles que levaram
à tomada dessa decisão?