Nova loja do Muffato terá área só para orgânicos
Rede acompanha interesse cada vez maior pelo segmento. No Pão de Açúcar, consumo desses produtos cresceu 40% em um ano
Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Orgânicos em exposição em Curitiba: certificação terá de obedecer a um novo padrão
A rede de supermercados Muffato está concluindo as obras da sua nova loja em Curitiba, no bairro Tarumã. A terceira unidade da bandeira na cidade, conta o presidente, Everton Muffato, será uma “loja-conceito”, com uma série de inovações. A principal delas é um departamento totalmente destinado a produtos orgânicos, com mais de 2 mil itens dos mais variados segmentos.
“O consumo de orgânicos é uma tendência mundial. É um mercado com grande potencial, embora venha crescendo de maneira mais lenta no Brasil do que em outras parte do mundo, como nos Estados Unidos”, diz Muffato. Muitos dos cerca de 200 fornecedores de produtos orgânicos devem ser do próprio Paraná, uma vez que o estado é um dos líderes no segmento. Segundo dados do governo estadual, são mais de 5 mil produtores de leite, frutas, verduras e grãos orgânicos.
Uma pesquisa da Latin Painel divulgada no fim de 2007 mostra que 20% da população brasileira é adepta do orgânico – e essa fatia só aumenta. Segundo a instituição, desde o início dos anos 90 o crescimento desse setor nas redes de supermercado do país é de, em média, 21% a cada ano.
No grupo Pão de Açúcar, só no primeiro trimestre deste ano o crescimento nas vendas desses produtos foi de 40%, na comparação com o mesmo período do ano passado. A rede tem um portfólio de mais de 600 itens orgânicos. O faturamento com o segmento foi em torno de R$ 40 milhões no ano passado e para 2009 a expectativa é que ultrapasse os R$ 50 milhões. “Os adeptos de alimentos orgânicos já conseguem compor uma refeição completa, seja o café da manhã, almoço, lanche da tarde ou jantar. Vivemos o ‘boom’ deste segmento”, diz Sandra Caires Saboia, gerente de compras da rede.
Um dos fatores que ainda segura o crescimento desse mercado são os preços. Em média, os produtos orgânicos custam 20% a mais que a sua versão tradicional. Para Muffato, no entanto, a tendência é que os preços se equilibrem na medida em que o setor ganhe volume. “Muita gente deixa de investir, fazer propaganda desses produtos. Assim, menos pessoas têm conhecimento e menor é o consumo. Nossa proposta é inverter essa tendência.”
A partir do início do ano que vem, o consumidor vai poder identificar os produtos cultivados, transportados e processados de acordo com as regras nacionais de conformidade orgânica através de um selo. Um modelo único de certificação foi regulamentado há poucos dias em três portarias federais.