Ministro irá agir contra novos índices

1 de setembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: CORREIO DO POVO - RS

31/08/2009 

Em visita à Expointer, Stephanes disse que recorrerá a Lula, apesar de aprovação de Cassel ao tema


Após um final de semana de polêmica na Expointer, a semana será decisiva para o futuro dos índices de produtividade, sem revisão desde 1980. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, pedirá ao presidente Lula a prorrogação da publicação da portaria, já assinada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.


A possibilidade de consenso parece longe pela politização do debate. O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, ficou satisfeito com o apoio oficial de Stephanes, mas já avisou que o campo não aceitará nenhuma revisão. “O senhor trouxe a tranquilidade de que precisávamos. Obrigado e conte conosco”, disse Sperotto, ao se despedir do ministro, que teve encontro a portas fechadas com líderes de sindicatos rurais na Farsul, onde pregou “serenidade”.


Na abertura do Pavilhão da Agricultura Familiar, Cassel defendeu o contrário de Sperotto. O ministro afirmou que os percentuais propostos já são um meio-termo, marcados por bom senso. “Os índices são muito baixos. Só se preocupa quem é improdutivo. Acredito que a terra tem que cumprir a função social. Não é um bem qualquer, como um carro de luxo ou um anel de brilhante. Faz parte do país e tem que ser produtiva.” Para Cassel, não há razão em temer as alterações, que passariam a vigorar em 2010, com efeito apenas sobre os resultados do ano seguinte.


Na opinião de Stephanes, os produtores rurais poderiam seguir o exemplo dos sem-terra, que foram a Brasília cobrar a revisão dos índices diretamente do presidente Lula, que dará a palavra final, após a análise do Conselho Nacional de Política Agrícola, sem data para se reunir. Segundo Sperotto, se o presidente Lula não retroceder, os ruralistas vão a Brasília. “Iremos de mala e cuia.”


A temperatura começou a subir já no sábado, em debate acalorado no parque. “Quem quer manter os índices como estão pretende proteger a improdutividade ou fazer especulação”, declarou Cassel. Contrariado, o presidente da Farsul retrucou: “Isso é porque ele desconhece o resultado dos estudos da Embrapa sobre os índices de produtividade no Estado. Aqui não há terra improdutiva”. Sperotto reclamou ainda da falta de melhores condições para a comercialização da produção. “Para que serve a elevação dos índices, se não conseguimos comer, armazenar ou vender? Precisamos de preço.”


No parque Assis Brasil para o Freio de Ouro, o ex-ministro da Agricultura Marcus Vinicius Pratini de Moraes apimentou ainda mais o debate. Argumentou que todos os países que fizeram a reforma agrária viraram importadores de alimentos, ao contrário das ambições do governo brasileiro. “Reforma agrária é bom no vizinho”, alfinetou.

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