Minc e Stephanes não escondem divergências

Por: O Globo

O PAÍS
24/06/2009
 
Minc e Stephanes não escondem divergências
Ministros da Agricultura e do Meio Ambiente mal se falam durante audiência que discutia dados sobre biomas
 
Catarina Alencastro e Isabel Braga


BRASÍLIA. Os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, demonstraram ontem que o clima entre os dois continua azedo, depois da troca pública de farpas no fim do ano passado e das recentes críticas de Minc aos ruralistas. Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara, Minc só apareceu ao fim do discurso do colega.


Minc aproveitou sua fala para criticar estudo da Embrapa segundo o qual o Brasil dispõe de menos de 30% de seu território para ocupação econômica, industrial e agrícola. Ele saiu antes de Stephanes da audiência, que discutia dados oficiais sobre os biomas brasileiros.


Minc e Stephanes trocaram cumprimentos formais e, durante a audiência, mal se falaram. O ministro da Agricultura lembrou aos deputados que havia perdido a confiança em Minc ano passado e repetiu que defende o desmatamento zero na Amazônia.


Ele culpou a imprensa por ter inviabilizado as reuniões que coordenava com Minc para discutir mudanças no Código Florestal.


A razão foi a publicação da troca de farpas entre ambos.


Stephanes disse que está disposto a “esquecer o que houve lá atrás” e retomar os encontros com ambientalistas.


— Nunca disse que quero desmatar a Amazônia. Tentaram sabotar alguma coisa que estava caminhando na direção correta.


Meu último diálogo com o ministro Minc foi: “Ministro, desculpe, mas perdi a confiança no seu diálogo”. Agora, aceito retomar o diálogo, desde que se apresente algo concreto.


Stephanes afirmou que não concorda que os ambientalistas monopolizam o conhecimento sobre preservação. Defensor de mudanças no Código Florestal que levem em conta produções antigas de café, maçã e outras frutíferas no Sul do país, ele disse que, se a atual legislação fosse cumprida, três milhões de produtores estariam na ilegalidade: — O Brasil precisa construir uma legislação ambiental, e o nosso ponto de partida é que toda a legislação ambiental construída até hoje não teve a participação de quem produz.

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