Minas Gerais: clima afeta floração dos ipês

Na visão do pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da área de Agrometeorologia da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), as mudanças climáticas globais estão provocando alterações nos ecossistemas e ameaçando a biodiversidade. Enquanto os animais tendem a se mudar para locais que apresentam condições climáticas mais favoráveis, tal situação é mais complicada em relação às plantas. Segundo ele, os ipês vêm sofrendo alterações em seus ciclos reprodutivos em função do aquecimento climático.
 
Atualmente, as florações vêm ocorrendo cada vez mais cedo. Nos últimos anos, na região Sudeste, o florescimento dos ipês rosa e roxo vinha ocorrendo em meados de julho, enquanto o ipê amarelo florescia entre a segunda quinzena de agosto e o início de setembro. Neste ano, o inverno quente e seco alterou significativamente a época e a intensidade das florações, quando os ipês rosa e roxo floresceram em junho e o ipê amarelo iniciou o florescimento no final de julho. Além do adiantamento da época de floração, a intensidade de florescimento foi amplamente afetada.
 
“A floração dos ipês rosa e roxo passou quase que despercebida e o mesmo vem ocorrendo com os ipês amarelos. Muitas árvores estão apresentando florescimento irregular e esta característica vem ocorrendo sem a total perda de folhas pelas árvores, o que prejudica seu visual. O maior problema, no entanto, refere-se aos danos relacionados à dispersão das sementes em épocas inadequadas para a germinação”, comenta Guimarães.
 
HISTÓRIA – Embora um decreto do presidente Jânio Quadros tenha instituído o Pau-Brasil como árvore símbolo nacional, o ipê-amarelo é, sem dúvida, a árvore de preferência nacional. De acordo com o pesquisador, existem várias outras espécies de ipês que pertencem ao gênero Tabebuia e à família Bignoniaceae, com ampla variação de cores, que designam os nomes comuns de ipê-amarelo, ipê-branco, ipê-rosa, ipê-roxo, ipê-preto e ipê-tabaco. Por ser uma árvore caducifólia, ou seja, que perde as folhas durante o período de estiagem, a planta causa grande impacto quando, em curto período de tempo, apresenta floração exuberante.
 
“Ressurge como a fênix e nos mostra que uma nova fase da vida aparece na natureza”, diz o pesquisador. Muitos agricultores interpretam a chegada da floração como sinal de que não haverá risco de ocorrência de geadas. Sua beleza a torna uma das espécies mais plantadas na arborização das cidades e a durabilidade natural de sua madeira a torna alvo de exploração. A falsa notícia de que a casca do ipê roxo curava o câncer causou enormes danos à espécie. A analogia do ipê-amarelo com as cores nacionais se dá não só pelo amarelo-ouro das flores, mas também pela coincidência de floração em épocas próximas à data comemorativa da Independência do Brasil.
 
Mais informações sobre podem ser obtidas junto à Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pelo telefone (31) 3779-1164 ou ainda pelo e-mail daniel@cnpms.embrapa.br .

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