Mercado externo influencia preços

14 de abril de 2008 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Estado de Minas

A velha e boa lei da oferta e da demanda é o principal sensor para a formação dos preços dos alimentos que chegarão à mesa dos consumidores em todo o mundo. Quanto maior a concorrência da população por esses produtos, maior o preço na ponta do consumo. E quanto maior esse preço, mais rapidamente ele será transformado em ganhos para produtores, atacadistas e supermercados.


No fim das contas, segundo Ricardo Cotta, da CNA, o produtor não é o responsável pela formação dos preços. “Ele é o tomador e não o fornecedor. Os preços dos produtos agrícolas brasileiros são cada vez mais formados pelo mercado internacional”, diz. Por isso mesmo, grandes ganhos como os que ocorreram com o feijão e a abóbora no ano passado são mais passíveis de acontecer com os produtos que estão fora da lista das commodities – soja, milho, trigo e café. Das 140,77 milhões de toneladas de grãos que serão produzidas este ano, no Brasil, segundo a Conab, apenas 3,4 milhões são de feijão, que não é cotado internacionalmente, como ocorre também com a abóbora, a batata, o tomate e os legumes em geral, produtos com ciclo de cultivo curto e, por isso mesmo, mais vulneráveis à oscilação de preços.


Para o produtor Renato Müller, observações minuciosas precisam ser feitas para tentar prever os ganhos de preços. Ele acompanha as notícias internacionais diariamente. Além disso, verifica as informações sobre a área plantada dos produtos no país e chega a perguntar nas lojas de sementes quais são as menos vendidas. Como trabalha com culturas irrigadas, pode apostar em períodos nos quais a maioria já não tem condições de plantar nada. De olho em algumas dessas condições, o produtor de Unaí, Célio Fontana, conseguiu ter ganhos com feijão, no ano passado, e, agora, está apostando mais no trigo, no milho e na soja, todos irrigados. “Com feijão não vou entusiasmar de novo porque, depois do pico do ano passado, sabemos que a tendência é ter uma volta à normalidade”, pondera. Ele lembra que também é importante investir no plantio das culturas que podem dar mais segurança ou permitem contratos futuros.


“Não fico esperando valorizar demais. Se der 100%, vendo rápido porque os que querem muito ficam no prejuízo”, reforça Müller. Para Irmo Casavechia, da Coanor, algumas culturas, como o próprio feijão, são ingratas. “Quem se aventurar demais pode acertar ou quebrar. A maioria que ganha só consegue pagar as dívidas anteriores para respirar. Se houvesse outras duas altas como a de 2007 é que daria para dizer que teve produtor que ficou rico”, diz. Para ele, o investimento nas commodities é menos arriscado. Milho e soja, por exemplo, estão remunerativos. “Quem investiu sabia. Não foi aposta”, garante.


O presidente da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas, José Daniel Rodrigues Ribeirão, já contabilizou ganhos altos e inesperados com o cultivo de batatas, várias vezes. “A cultura tem ciclo curto, dá para plantar três safras com folga e a produtividade é alta. Se numa safra o preço foi muito bom, haverá superprodução na próxima. Só que batata não pode ser armazenada. Com oferta grande, o preço cai. Descapitaliza produtores. Na safra seguinte, a área plantada é reduzida e vem a supervalorização.” (ZF e GR)

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