MERCADO – “É insustentável a situação atual”, diz Carvalhaes

Por: Agência Safras.

22/06/2009 – O boletim semanal do Escritório Carvalhaes destaca que a última semana foi novamente de baixa nas bolsas de café. “É insustentável a situação atual”, pontua. De um lado o Brasil bate recordes de exportação, com o consumo de café em crescimento contínuo aqui e nos demais países consumidores, apesar da crise financeira atual. Do outro, produtores endividados e empobrecidos, assistindo ano após ano a queda de sua fatia no bilionário faturamento dos negócios mundiais de café, diz Carvalhaes.


Como destaca o boletim, os preços praticados no mercado de café são definidos a partir de muitas variáveis, mas historicamente começam a se formar a partir das cotações da bolsa de Nova York, que com a explosão da tecnologia da informação e a globalização da economia, é fortemente influenciada por grandes fundos de investimento e empresas multinacionais.


Carvalhaes observa que os avanços da tecnologia da informação permitiram desenvolver novos tipos de contratos e coberturas, complexos e herméticos para o cidadão comum. A sofisticação dos novos mecanismos distanciou a formação dos preços do café dos fundamentos do mercado a tal ponto que diversos operadores não mais consideram os fundamentos relevantes na formação dos preços, indica.


Este novo cenário está levando a situações como a atual, em que café colombiano foi vendido no mercado físico a até um dólar por libra peso (10 mil pontos!) acima da cotação da bolsa de Nova Iorque, que cota café colombiano posto nos EUA, lamenta Carvalhaes.


Para o produtor brasileiro, a situação se agrava, pois além da valorização do real frente ao dólar, nosso café arábica é vendido com deságio sobre as cotações de Nova York, que estão abaixo do que deveriam estar para refletir as cotações do café colombiano. O deságio de nosso arábica chegou até 30 centavos (3 mil pontos), apesar de sua qualidade ser reconhecida em todo o mundo ao ponto de substituir gradativamente arábicas da América Central e da Colômbia em tradicionais mercados consumidores do hemisfério norte, comenta o boletim.


Além de enfrentar este cenário internacional desfavorável, o cafeicultor brasileiro se depara com o atraso na implementação da política definida pelo governo brasileiro para sustentar os preços do café na entrada da nova safra brasileira, adverte Carvalhaes. O atraso se deve a pressões e disputas dos setores mais organizados, que tentam se apoderar de maiores fatias dos incentivos governamentais. Já é possível afirmar que quando os leilões de opção forem realizados não atingirão mais os pequenos produtores e os mais descapitalizados, que estão sendo obrigados a vender imediatamente após a colheita, lamenta o boletim. Algumas das modificações de regras sugeridas também são contrárias aos interesses dos produtores, critica.


Para Carvalhaes, o descontentamento dos cafeicultores chegou a um ponto tal que eles estão reagindo e se organizando através de seus sindicatos e associações, para serem ouvidos pelo governo federal.


As informações partem do boletim semanal do Escritório Carvalhaes

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