Mercado de Café – Comentário Semanal – FUNDOS COMPRANDO CAFÉ NOVAMENTE

21 de setembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Mercado de Café – Comentário Semanal – 14 a 18 de setembro de 2009

Publicado em 20/09/2009


FUNDOS COMPRANDO CAFÉ NOVAMENTE


Rodrigo Costa*


O presidente do banco central americano (FED) Ben Bernanke declarou que tecnicamente a recessão nos Estados Unidos muito provavelmente chegou ao fim, porém ele ressalta que os cidadãos vão continuar tendo uma percepção por algum tempo de que a economia está fraca, principalmente com o crescimento modesto que se prevê e que deve demorar em ajudar na recuperação de criação de postos de trabalho.


Um dos maiores investidores no mercado acionário, Warren Buffet, disse nesta semana que está comprando ações, sinalizando que (óbviamente) acredita que o mercado se sustente.


A semana começou com um desconforto dos participantes em uma briga comercial entre os Estados Unidos e a China, com o primeiro impondo impostos de importação mais altos em pneus e o segundo ameaçando mandar à OMC uma acusação de que os americano tem usado de práticas de comercialização desiguais no que se refere a produtos automotivos e no mercado de frango.


O mercado acionário preferiu entretanto responder positivamente ao acesso barato que está tendo ao crédito tomando emprestado em dólares americanos e investindo em papéis e em países com taxas de juros mais generosas. Neste contexto o Brasil permanece sendo um forte recebedor de recursos, o que levou o Real a firmar e quebrar o nível de R$ 1.80 e o Ibovespa acima dos 60,000 pontos.


As commodities aproveitaram para surfar a nova onda da fraqueza da moeda americana e também subiram durante a semana.


O mercado de café teve um salto forte já no começo da semana respondendo ainda que de forma retardada as recentes quedas do dólar e voltando a atrair a atenção dos fundos de investimentos que há algum tempo não olhavam muito para o mercado.


Nova Iorque nos últimos cinco dias subiu incríveis US$ 12.57 por saca, com a BM&F puxando US$ 9.55 / saca e Londres ficando um pouco para trás com módicos US$ 1.50 / saca de alta.


Fundamentalmente o anúncio do governo brasileiro da aprovação de um pacote de renegociação de dívida dos produtores, diminuição de juros, aceitação de pagamento de dívida com café, e uma garantia de “preço mínimo” para até 1000 sacas por produtor, serviu para deixar as vendas mais leves no mercado e proporcionando uma alta mais significativa.


Tão importante quanto a alta foi o mercado ter segurado a maior parte dos ganhos encerrando a semana tecnicamente forte e dando a impressão que pode buscar níveis mais altos.


No que se refere as novas medidas aprovadas pelo CMN, me parece que o que pode ser mais efetivo para a manutenção dos preços do café internamente no Brasil seja o último item, que diz que o governo pode comprar até 1000 sacas via AGF. A tabela de preços a serem pagos varia de acordo com a qualidade: R$ 261.69 para o tipo 6, duro para melhor; R$ 254.01 para tipo 7, duro para melhor; R$ 240.16 para o tipo 7, riado; e R$ 213.16 para o tipo 7, rio. Como a safra deste ano teve um comprometimento da qualidade em função das chuvas, parece mais razoável assumir que os produtores guardarão os cafés de melhor qualidade buscando preços mais altos e “venderão” para governo o café tipo 7 riado, caso o mercado volte a cair. Lembrando que estre preço é livre de funrural. Com isso há o potencial de retirarada do mercado 2.9 milhões de sacas. Para o governo o melhor a acontecer é o mercado se segurar e o produtor negociar seu café no mercado, porém para os altistas seria mais efetivo a retirada deste café do mercado pelo estado.


Com relação ao benefício dos fazendeiros pagarem suas dívidas com o produto, nos parece que isto será inócuo pelo menos até a chegada da próxima safra, pois a prorrogação da dívida alivia aqueles que eventualmente usariam o café para quitar seus débitos, sem contar que o custo deste financiamento é provavelmente o mais barato que o produtor tem, ou seja é mais vantajoso pagar as dívidas mais caras e dever à taxas de 6.75% ao ano.


Há perguntas ainda a serem respondidas como por exemplo se o AGF do café vai funcionar como o de outros produtos que o governo volta a vender uma vez que os preços internos atingem um “teto”, o prazo de pagamento, etc.


Muitos perguntam se novo programa não vai deixar com que o mercado futuro volte a cair.
O mercado está subindo e pode subir mais ainda no próximo um mês e meio pois os fundos voltaram a comprar café e a vendas das origens estão muito esparsas já que não há tanta disponibilidade do produto na América Central e Colômbia, e no Brasil os produtores ganharam alguns benefícios que dão mais segurança para que eles segurem as vendas e apenas ofereçam seu café a preços que considerem atrativos.


Porém tão logo os fundos tenham uma posição de 20 mil lotes ou mais comprados, e tecnicamente o mercado comece a patinar, podemos experimentar uma queda brusca, como normalmente acontece no café.


Vale lembrar que os preços que NY está negociando já colocaram o mercado interno brasileiro do café fino em patamares equivalentes ao preço mínimo do governo, portanto podemos esperar que em novas altas mais vendas podem ir aparecendo.


Como pode o mercado futuro cair se haverá preços de garantia para os produtores brasileiros?
Bem, outras origens vão aproveitar para vender seus cafés tão logo tenham uma disponibilidade maior, e quando se confirmar uma florada brasileira – que embora muitos digam que não será suficiente para uma produção de 60 milhões de sacas revelará ao menos que a safra pequena não será. E mesmo que os produtores brasileiros não abaixem as bases de preços de seus café e NY despenque, não se esqueçam que o diferencial pode firmar e compensar parcialmente uma queda – guardada a devida proporção como aconteceu com o diferencial do café suave na primeira metade do ano.


É bom que os produtores aproveitem os rallyes para paulatinamente vender seus cafés nos preços que tenham planejado ou que creêm ser satisfatórios, até porquê pelo menos por enquanto os torradores no mercado internacional têm conseguido comprar o produto brasileiro a diferenciais bastante descontados e pelo que parece não se enxugará mais do que 3 milhões de sacas no Brasil, que é o plano de opções original.


Tenham todos uma ótima semana e muitos bons negócios.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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