Mecanização e certificação na lavoura

Por: Café com TV / Café e Mercado

06/03/2009 – Ricardo Labrudi, produtor rural, não tem medo da crise. Há um mês ele resolveu derrubar 6 dos 30 hectares que tem de café para investir em mecanização, e não sofrer com o alto preço da mão-de-obra. Os gastos que tinha com a lavoura manual eram 30% maior.


“Nós esperamos um ganho, aproximadamente, em torno de 50% com relação à colheita convencional, manual”, disse Ricardo.


Com o plantio convencional ele segue as medidas exatas para facilitar o trabalho das máquinas: 3,60 m entre as ruas e 60 cm entre os pés. Mas a chuva dos últimos meses trouxe problemas para Ricardo, ele teve que replantar 10% dos 30.000 pés de café que plantou em janeiro, um prejuízo de mais de R$ 2 mil.


“Em excesso, a chuva, no caso após o plantio, estragou um pouco a lavoura, ela arrancou um pouco das mudas, então nós tivemos que replantar essas mudas que perderam. A chuva é uma coisa boa para a lavoura, mas em excesso ela é um pouco prejudicial”, disse Vaber Marciano, administrador da fazenda.


Para Rogério Reis Júnior, engenheiro agrônomo, o ideal é fazer o plantio em época de chuva, mas a água em excesso também pode atrapalhar o produtor.


“O único problema desta época é a falta de chuva que pode ocorrer para frente. Desta forma, tem outras maneiras de se prevenir, que é fazer meia lua, deixar o solo entre as linhas de café coberta, com muita umidade. Porém, o pessoal fala muito das águas de março, então esse é um fator que é bom, mas também é um pouco arriscado, porque as vezes nem sempre chove nestas épocas. Outro fator é que os dias vão ficando mais curtos, ou seja, a planta vai tomar menos tempo de luz, menos tempo de sol, e as noites são mais longas”, disse Rogério.


Ele explica que o sol e a seca podem mudar a aparência da planta, mas que isso não quer dizer que ela precisa ser replantada.


“Essa mudança de aparência acontece devido ao sol quente. Então nas horas mais quente do dia, na parte da tarde, normalmente ocorre esse fator. Mas não quer dizer que ela morreu e não precisa arrancar ela para fazer uma replanta. Então, isso aqui merece esperar para ver o que vai acontecer, mas normalmente ela não morreu, isso daqui é uma defesa dela contra o sol, para evitar perda de água. A chuva pode ajudar, porque a planta vai ficar mais túrgida”, complementou o engenheiro agrônomo.


Para não ser levado pela crise, Ricardo sabe que além de produtor, precisa ser um bom administrador. Para isso, há dois anos, resolveu certificar sua lavoura para ganhar qualidade e reconhecimento no mercado. Um investimento de R$ 25 mil, que pode aumentar o preço da saca em cerca de R$ 20.


“Eu investi porque eu acho que é na crise que você pode ter algum retorno para frente. Eu entendo que o pessoal não vai investir totalmente agora e então quem investir vai sair na frente, apesar dos custos altos que nós temos e do preço baixo do café”, disse Ricardo.


Para Rogério, investir em mecanização é bom não apenas para a lavoura, mas, principalmente, para o bolso.


“Quem resolver plantar café a partir desse ano, ou nos próximos anos, sempre procurar plantar no espaçamento onde possa passar máquinas. O grande fator que está aumentando o custo de produção das fazendas é justamente a mão-de-obra, então procurar sempre um espaçamento onde possa mecanizar. Isso também vai depender da declividade do terreno, tem que fazer um histórico da área para poder preparar para a mecanização”, finalizou Rogério.



 

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