Março foi de preços firmes no mercado de café, especialmente para robusta/conilon

Porto Alegre, 28 de março de 2024 – O mercado internacional de café teve um mês de março de preços firmes, de avanços nas cotações nas bolsas de Nova York (ICE Futures US) para o arábica e de Londres para o robusta, que balizam a comercialização global. No Brasil, as cotações também avançaram em linha com os ganhos na bolsa.

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Normalmente, o café arábica em NY comanda as cotações, puxando para cima ou para baixo o robusta em Londres. Mas, como destaca o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o cenário está invertido neste momento. É Londres quem está puxando NY, neste momento para cima nos preços.

O mercado do robusta passa por um período de oferta restrita no curto prazo, sobretudo pela disponibilidade limitada no Vietnã, maior produtor global de robusta. Os problemas envolvendo ataques de embarcações no Mar Vermelho seguem atrapalhando a rota das exportações entre Ásia e Europa. Essas questões vêm dando suporte aos preços do robusta em Londres, que subiram muito mais em Londres que o arábica em NY. Mas vem puxando para cima o arábica.

Com essa oferta limitada no Vietnã, os compradores têm buscado mais o conilon brasileiro, que vem tendo saltos nas exportações esse ano. No primeiro bimestre de 2024, o Brasil exportou 1,031 milhão de sacas de conilon, segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), com aumento de 531,4% em relação ao mesmo período do ano passado (163.353 sacas).

O consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, ressalta o momento ainda de volatilidade do café associada às oscilações nos mercados financeiros, com variação do dólar e atenções nos juros americanos, especialmente. Mas coloca que adiante o mercado deve estar mais atento à chegada da safra brasileira 2024, que tem a colheita se iniciando agora em abril. Isso tende a pressionar as cotações.

De todo modo, em NY, o café se manteve em março muito preso entre as linhas de 180 e 190 centavos de dólar por libra-peso. Na alta, quando toca em 190 centavos, o mercado encontra resistência e recua. E tem suporte na baixa em 180 centavos. Resta ver o comportamento do mercado em abril com o começo da colheita do conilon no Brasil e com o início depois da colheita do arábica.

No balanço mensal de março, na Bolsa de NY o contrato maio acumulou uma alta de 3,4%, saindo de 184,35 centavos de dólar por libra-peso ao final de fevereiro para 190,65 centavos nesta quarta-feira, 27 de março. Em Londres, a alta do robusta foi muito maior, com o mercado refletindo a oferta mais restrita. Houve alta em março até o dia 27 de 15%.

O mercado físico brasileiro de café também teve preços bem sustentados em março, acompanhando o cenário das bolsas. Vendedores e compradores estiveram cautelosos. Os produtores mostram-se bem capitalizados e participam mais do mercado nos picos de preços das bolsas. E os compradores, sabendo que nos próximos meses a oferta cresce no Brasil com a colheita, trabalham da mão para boca, de modo cauteloso.

O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais terminou a quarta-feira (27) em R$ 1.045,00 a saca na base de compra, um aumento no mês de 3,5%, pois havia fechado fevereiro em R$ 1.010,00 a saca.

O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, na base de compra, teve uma valorização de 14,4% no acumulado de março até o dia 27, refletindo os ganhos mais significativos do robusta na Bolsa de Londres. Este café terminou o dia 27 em R$ 955,00 a saca, contra R$ 835,00 a saca do final de fevereiro, sendo notável a aproximação dos preços do conilon em relação aos arábicas de boa qualidade no Brasil, diante dos ganhos externos e oferta limitada globalmente.

Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS