Manejo de espécie invasora restaura ambientes ribeirinhos

No Brasil, é comum se deparar com o famoso Pinus elliotti, ou seja, espécie de pinheiro muito presente no Estado de São Paulo e no Sul do país, em áreas de reflorestamento.

1 de fevereiro de 2016 | Sem comentários Produção Sustentabilidade
Por: Ana Carolina Brunelli


No Brasil, é comum se deparar com o famoso Pinus elliotti, ou seja, espécie
de pinheiro muito presente no Estado de São Paulo e no Sul do país, em áreas de
reflorestamento. No entanto, a presença dessa árvore, principalmente próxima às
Zonas ripárias, que se integram ao curso d’água dos rios, pode provocar
prejuízos ambientais. Esse foi o foco da pesquisa de Marli Ramos, no Programa de
Pós-Graduação em Recursos Florestais, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (USP/ESAL). A bióloga atua, hoje, como analista ambiental, funcionária
do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e trabalha
na Floresta Nacional de Capão Bonito.


A pesquisadora iniciou sua dissertação com o seguinte questionamento: É
necessário eliminar o Pinus elliottii de Zonas ripárias? A partir desse ponto,
Marli dedicou-se a descobrir a existência de alguma relação entre os atributos
físicos e químicos em áreas ripárias com a disseminação e presença da espécie e
quais seriam as vantagens e desvantagens para o meio ambiente. “Essas Zonas são
extremamente importantes como geradoras de serviços ecossistêmicos essenciais
como: estabilidade térmica e dos solos, mitigação de carreamento de sedimentos e
nutrientes para os cursos d’água, corredores ecológicos para fauna e flora,
qualidade e quantidade de água, regularização dos regimes hídricos e ciclagem de
nutrientes”, ressaltou a pesquisadora.


A pesquisa, destinada a auxiliar o manejo do pinheiro para a restauração das
áreas ribeirinhas, foi orientada pela professora Teresa Cristina Magro, do
Departamento de Ciências Florestais da ESALQ e realizada na Floresta Nacional de
Capão Bonito. Na região, a bióloga notou uma visível degradação das áreas
ripárias pela dispersão e invasão causadas pela espécie exótica Pinus elliottii.
“Apesar das vantagens dos plantios dos pinheiros, outras espécies de Pinus se
tornaram um sério risco aos problemas relacionados à invasão biótica,
ocasionando perdas econômicas e ambientais”, disse Marli.

A pós-graduanda
verificou a dispersão de Pinus elliotti, dentro de diferentes níveis de
distância e sua correlação com os atributos físicos e químicos: densidade, área
basal, umidade, cobertura de copa, cobertura e altura de solo, e ainda, pH;
independente de níveis de distância, como contribuição à restauração
ambiental.


De acordo com a bióloga, a pesquisa apresentou resultados de que a espécie
causa representativo impacto em áreas de preservação permanente. “Há expressiva
densidade de Pinus elliottii que ocupa o espaço da vegetação nativa florestal e
não-florestal, causando a descaracterização da área”, contou a bióloga.


 Outro fator relevante foi o processo de invasão ser contínuo com
recrutamento de novos indivíduos, pela chegada de sementes. Segundo a
pesquisadora, essa situação pode, certamente, acarretar a contínua substituição
da vegetação nativa pela espécie, principalmente nas áreas abertas de campo
úmido da unidade e, na área florestal, que sofre impacto natural ou morte de
árvores nativas, com abertura de clareiras. “Torna-se essencial realizar ações
para o manejo e restauração ecológica desses ambientes contaminados por Pinus
elliottii”, ressaltou.


“Outra solução é a substituição dos plantios de Pinus elliottii por vegetação
nativa num nível em que a cobertura vegetal seja considerada predominantemente
nativa conforme estabelecido na legislação do SNUC (Sistema Nacional de Unidades
Conservação), pois enquanto houver talhões de Pinus, o processo de invasão
continuará”, disse Marli. Ela ainda afirma que a vegetação nativa deverá ser
restaurada nas áreas ripárias em toda a extensão dos cursos d’água, com
eliminação de espécies invasoras e, em tal largura, que o arranjo estrutural
possa preservar as espécies de fauna e flora, com atenção para as ameaças de
extinção.

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