São Paulo, 4 – O desempenho dos contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) ainda não inspira confiança. Os fundos de investimento podem continuar a liquidar posição no mercado de commodities, diante do quadro de ameaça de recessão global, provocada pela crise financeira internacional.
O contrato futuro de café com vencimento em dezembro recuou ontem 0,58% (menos 65 pontos), a 112,35 cents. A máxima chegou a marcar 150 pontos, a 114,50 cents, com recompras de especuladores, informa brokers. A mínima foi de 150 pontos, a 111,50 cents. Leves vendas de origem foram observadas.
O vice-presidente da Newedge Group, Rodrigo Costa, informa que o mercado de café continua frágil, com os fundos de investimento liquidando posição comprada. Segundo ele, os fundos de índice devem continuar a reduzir a posição comprada. Além disso, o dólar fortalecido também é outro sinal negativo.
Tecnicamente, os contratos com vencimento em dezembro têm resistência a 115 cents. Acima desse nível, ordens automáticas de compra podem ser acionadas, o que mudaria o atual quadro baixista. Em compensação, um movimento abaixo de 110 cents pode trazer mais vendas no mercado de café, “o que confirmaria que o recente rally foi apenas uma correção técnica”.
Conforme Costa, o mercado deve acompanhar nesta semana as eleições de hoje nos Estados Unidos; o relatório sobre o mercado de trabalho, também nos EUA, na sexta-feira; e a decisão sobre a taxa de juros que será tomada pelo Banco Central Europeu, na quinta-feira. “Esperamos o pior tenha passado, mas nosso sentimento é que não acabou ainda”, conclui.
Mercado físico estável
O mercado físico de café iniciou a semana com preços praticamente estáveis em relação à Sexta-feira passada. Os contratos futuros de arábica na Bolsa de Nova York, base dezembro, encerraram em queda de 0,6%, mas a alta do dólar acabou compensando a perda no mercado futuro. A moeda norte-americana fechou em alta de 0,6%, a R$ 2,1690.
Conforme um corretor de Santos (SP), o mercado tem pouco interesse de compradores. O vendedor também está retraído, à espera de novidades sobre a proposta de retirada de 6 milhões de sacas de 60 kg do mercado.
O comentário na praça de Santos é que a Cooperativa dos Cafeicultores de Varginha, no sul de Minas, teria vendido a saca de café tipo 6, bebida dura para melhor, com 12% a 15% de catação, a R$ 256. A Stockler teria adquirido cerca de 1,4 mil sacas do produto. Ainda no sul de Minas, a Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas teria vendido o mesmo produto a R$ 255 a saca. O comprador seria a Unicafé.
O valor à vista em reais do indicador do café Arábica calculado pela Esalq ficou em R$ 254,14/saca (+0,40%). Em dólar, o valor ficou em US$ 117,17/saca (-0,20%). A prazo, a cotação ficou em R$ 255,66/saca (+0,40%).
Na BM&F de São Paulo, os contratos futuros de arábica fecharam em alta nesta Segunda-feira, com exceção do vencimento para dezembro, que caiu 0,15, a US$ 129,85 a saca (alta de 5,30 dólares na semana). O contrato para março/09 subiu 0,15, a US$ 136,55 a saca (alta de 6,05 dólares na semana).
A exportação de café em outubro (23 dias úteis) alcançou 2,969 milhões de sacas de 60 kg, o que representa crescimento de 20,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (2,465,6 milhões de sacas), que teve 22 dias úteis. A receita cambial em outubro aumento 34,9% no período, para US$ 473,7 milhões ante US$ 351,1 milhões em outubro de 2007. Os dados foram divulgados pelo Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Comércio Exterior (Depla), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Os números do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) sobre a exportação em outubro deverão ser divulgados na Quinta-feira (6). Levantamento preliminar do Cecafé mostra que os embarques de grãos verdes em outubro alcançam 2.639.967 sacas. Em setembro foram embarcadas 2.653.913 sacas.