Justiça ordena reintegração de posse da fazenda

Por: FOLHA DE S. PAULO

07/10/2009  

 
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IARAS


RODRIGO VIZEU


DA AGÊNCIA FOLHA



A Justiça de São Paulo determinou ontem a reintegração de posse da fazenda da multinacional Cutrale, em Iaras (271 km de São Paulo), que teve parte do laranjal destruído com um trator por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para o plantio de feijão. Desde 28 de setembro, cerca de 250 famílias do MST estão no local.


A Polícia Militar estimou que foram destruídos cerca de 7.000 pés de laranja. Já o movimento afirmou que a derrubada não chegou a 3.000 pés. “Não pode ser monocultura, tem que plantar comida para o povo, embora a gente entenda que laranja também é alimento”, disse Claudete Souza, líder do movimento no local.


O MST argumenta que as terras pertencem à União e são usadas há dez anos ilegalmente pela Cutrale -uma das maiores produtoras de laranja do Brasil. Em nota, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) condenou a ação, mas disse que a área integra conjunto de terras públicas. O órgão disse que reivindicou as terras em 2006 e que aguarda decisão da Justiça Federal.


A multinacional apresentou documentos à Justiça estadual nos quais afirma ser proprietária da área. Argumentou também que a terra é produtiva. “A produtividade da área não pode esconder que a Cutrale grilou terras públicas”, disse o MST, em nota.


A Folha esteve no local. Uma guarita foi pichada com frases como “MST não desiste” e “Fora Cutrale”. Tratores e caminhões foram pintados e barracos foram levantados. O coordenador estadual do MST e um dos responsáveis pelo acampamento, Márcio Santos, disse que as famílias não sairão mesmo com a ordem de reintegração de posse. A Cutrale acusou o MST de ter expulsado 300 funcionários. O movimento diz que eles saíram por vontade própria.


Na madrugada de ontem, a polícia deteve dois homens em um caminhão que transportava equipamentos e laranjas da fazenda. Eles foram autuados por furto qualificado. O MST diz que eles não integram o movimento.



Pernambuco


Ontem, em São Joaquim do Monte (a 134 km de Recife), cerca de 150 integrantes do MST invadiram uma fazenda de um empresário suspeito de sonegação fiscal foragido há cinco meses. A reportagem não localizou seus advogados.



Colaboraram GUSTAVO HENNEMANN e FÁBIO GUIBU, da Agência Folha

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