Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram produzir pés de café modificados geneticamente que têm menos cafeína.
As plantas vão demorar quatro anos para dar frutos |
Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram produzir pés de café modificados geneticamente que têm menos cafeína.
Os pesquisadores japoneses, que publicaram a experiência na revista científica British Journal Nature, dizem que a planta contém aproximadamente um terço da cafeína de outras variedades de café.
Apesar disso, ainda deve levar vários anos até que esse tipo de café chegue aos supermercados e cafeterias.
O lobby contra a tecnologia de modificação genética que existe em alguns países tem procupação particular com a modificação do café, uma planta muito importante para os países em desenvolvimento.
Controle
Para a organização não-governamental Action Aid, os alimentos geneticamente modificados são uma “tendência ao controle corporativo”.
Normalmente, café descafeinado é feito de grãos normais e processado para perder parte da cafeína.
A técnica funciona, mas muitos apreciadores da bebida dizem que o sabor também muda.
Os pesquisadores japoneses, do Instituto Nara de Ciências e Tecnologia, acreditam que as novas plantas vão oferecer café descafeinado com o gosto dos cafés comuns.
A equipe de cientistas liderada por Shinjiro Ogita usou a técnica chamada de interferência no RNA para reduzir a atividade de genes estratégicos na espécie de café chamada de coffea canephora.
Com o mercado global dos descafeinados estimado em US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 20 bilhões) por ano, o potencial de negócios parece ser grande.
Mas, de acordo com a Organização Internacional do Café, várias das principais questões permanecem sem resposta – e não apenas o custo da tecnologia comparada com o processo atual de descafeinação.
Outros pesquisadores, alguns de empresas privadas, vêm trabalhando há anos na tentativa de conseguir um café descafeinado modificado geneticamente.
O professor Alan Crozier, do departamento de bioquímica da Universidade de Glasgow, diz que esta é a primeira evidência confiável de que o conceito funciona.
“Eles conseguiram baixar o nível de cafeína em aproximadamente 70%. Precisariam baixar 90%, mas usaram uma técnica inteligente e eu acredito que uma redução maior possa ser possível”, disse ele.
As plantas do instituto japonês já têm um ano e não deverão produzir grãos pelos próximos três anos.