São Paulo – O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de café Solúvel (Abics), Mauro Malta, disse ontem que o setor vai concentrar esforços no aumento do consumo interno do produto, principalmente no Nordeste e no Sul do País. Vamos disputar a preferência do consumidor com a indústria de torrado e moído, afirmou ele, que participou do 2º Fórum do café, promovido pelo Conselho dos Exportadores de café (Cecafé), em São Paulo.
Malta comentou que o Nordeste tem grande potencial de consumo porque a xícara de café solúvel, em determinadas regiões, custa menos do que uma de torrado e moído. Outro ponto forte a ser explorado pelo setor é o mercado do Sul do País. Naquela região, explica Malta, o consumo de mate (chá) é muito grande e o processo de preparo é semelhante ao do solúvel. O sabor é outro, mas basta acrescentar água, como no preparo do mate. Ele observa que situação parecida ocorreu no Japão e na Rússia, onde o café solúvel foi tomando espaço do chá.
Tradicionalmente, o café solúvel brasileiro é destinado ao mercado externo, mas a indústria nacional tem encontrado barreiras tarifárias no principal centro consumidor, que é a União Européia (UE). A indústria está sufocada no mercado externo, lamenta Malta. Em abril, a exportação de solúvel, em equivalente em sacas de 60 kg, diminuiu 20% em relação ao mesmo mês de 2006, para 2,077 milhões de sacas. Estamos perdendo mercado e não há solução à vista, comenta.
O diretor do Departamento de café (Decaf), Lucas Tadeu Ferreira, do Ministério da Agricultura, acrescenta que o novo Acordo Internacional do café (AIC) prevê que a Organização Internacional do café (OIC) poderá contestar a sobretaxa de 9% imposta pela UE ao solúvel brasileiro no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). A força do Brasil contra a UE é pequena, mas ganhará peso com a entrada da OIC na disputa, considera.
Na segunda-feira, Brasil e Vietnã, os dois maiores produtores e exportadores de café do mundo, estreitaram relações por meio da criação de uma Câmara de Comércio, cujo presidente é o empresário Ruy Barreto Filho, CEO do café Solúvel Brasília, e vice-presidente da Abics. Esperamos que sejam iniciadas conversações para tornar possível a importação de café daquele país, em regime de drawback, observa Malta.
Tomas Okuda
Agência Estado