Illy quer fundo de US$ 1 bi para café regenerativo

Para a empresa, Brasil pode garantir a oferta de matéria-prima sustentável nos próximos anos

Por Globo Rural

O Brasil poderá assegurar a oferta de café proveniente de práticas regenerativas para a illycaffè na próxima década, afirmou Andrea Illy, presidente da multinacional italiana. Para ele, o cultivo sustentável é o que vai permitir o aumento da produtividade, mesmo com as adversidades climáticas. Por isso, o empresário estuda a criação de um fundo de US$ 1 bilhão ao ano “para resiliência do café”.

A aposta de Illy é tentar viabilizar a renovação das áreas de café em países produtores em que os agricultores não conseguem financiar a mudança para práticas mais sustentáveis de produção. Com o fundo para “resiliência do café”, a companhia também teria mais matéria-prima à disposição para processamento. Mas segundo Illy, o objetivo principal é “mitigar” os efeitos dos problemas climáticos.
Na agricultura regenerativa, o cultivo inclui práticas de recomposição do solo, redução de emissões de carbono, gestão da água e da biodiversidade. Utilizando matéria-prima produzida com esses métodos, a illycaffè quer dobrar sua participação — que hoje corresponde a 0,3% do volume e a 0,6% da receita de vendas — em mercados fora da Itália e dos Estados Unidos.

Ainda sem um modelo de negócio estruturado ou parceiros definidos para a fase de captação de recursos, Andrea Illy inspira-se em ações como a do banco suíço Lombard Odier, que fez um aporte de US$ 150 milhões para transformar fazendas em sistemas regenerativos, e da Fundação Bill e Melinda Gates, que investiu quase US$ 6 bilhões nos últimos 17 anos em iniciativas de melhoria da agricultura, especialmente na África. Illy citou ainda o Plano Mattei, uma ação do governo italiano de apoio ao desenvolvimento dos países africanos.

Se o fundo se tornar realidade, os primeiros recursos serão destinados à renovação de áreas de plantio de café no mundo, que passarão a fazer a transição para práticas regenerativas. Segundo o empresário, na Índia e no Vietnã, os cafezais têm entre 80 e 100 anos, o que significa que eles vão produzir cada vez menos. No Brasil, as plantas têm, em média, 12 anos.

Por esse motivo, o Brasil não seria prioridade na seleção dos países que receberiam recursos do fundo, ainda que Illy não tenha descartado a possibilidade. O foco seriam microprodutores de regiões precárias com dificuldades de captação de recursos.

“Estamos estudando se há possibilidade de se investir em equity ou via uma mescla entre equities e crédito para os microprodutores usarem os recursos na melhoria e renovação da plantação. O problema, agora, é o modelo de negócios que vamos seguir para dar o próximo passo no projeto”, afirmou Illy.
A despeito de as conversas para tirar a ideia do papel já terem começado, o presidente da illycaffè admitiu que isso pode demorar a acontecer. De qualquer forma, ele mostrou otimismo e projetou que a adoção de métodos regenerativos deve crescer no mundo.

Hoje, o Brasil é um dos líderes nessa prática, o que eleva o interesse da empresa pelo café local. Atualmente, os principais fornecedores do grão brasileiro para a illy são as regiões do Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Sul de Minas e Chapada de Minas (MG).

No ano passado, a empresa lançou o primeiro café 100% proveniente de manejo regenerativo do mundo. Todos os grãos que compõem o blend saem do Cerrado Mineiro, região que produz mais de 6 milhões de sacas por safra.

Como parte de seus esforços em sustentabilidade na indústria do café, a illycaffè também está fazendo testes em várias plantações experimentais para medir o grau de redução de emissões de gases do efeito estufa. A ideia é identificar quais práticas estão funcionando para poder disseminá-las em cafezais como regenerativas. Os resultados preliminares sairão no próximo ano.

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