HISTÓRIA DO CAFÉ – VIVENDO A 1ª CRISE

Por: 08/03/2009 06:03:13 - Diário do Povo - SP

A tão falada crise econômica mundial, que atinge o mundo inteiro desde o
final do ano passado, ainda é incompreendida pelos economistas. Se para os
especialistas já não é fácil analisar e explicar o que está acontecendo, a
compreensão da crise é ainda mais difícil para os leigos. Em meio a esse público
que se encontra perdido, estão muitos jovens da geração pós-Plano Real que ainda
iniciam sua trajetória no mercado de trabalho e já se veem diante de um momento
de grande dificuldade, instabilidade e receio.


A jornalista Lígia Martins Azevedo, de 23 anos, foi pega de surpresa pela
mudança nos rumos da economia. Quando embarcou para um intercâmbio na Irlanda,
no final de 2007, estava certa de que havia feito a escolha certa. Teria a
oportunidade de aprimorar o inglês e conhecer uma nova cultura. “O momento
econômico era favorável e acreditava que na volta estaria mais amadurecida, com
um currículo melhor e que não teria dificuldades em me recolocar no mercado”,
conta.


Mas ao retornar, em outubro do ano passado, toda a situação mudou. A crise
estourou e atingiu em cheio o mercado de trabalho brasileiro. As oportunidades
de emprego se tornaram raras e ela está desempregada desde então. “Não foi nada
como eu havia previsto. Não guardei dinheiro da viagem e agora dependo da ajuda
financeira dos meus pais”, aponta.


Por causa da crise, a analista de sistemas Adriana Vitorino, de 27 anos,
perdeu o emprego de consultora de SAP numa indústria de chocolate. Ela havia
entrado na empresa há apenas quatro meses, depois de deixar um emprego estável.
“Fiquei com muito receio. A área de tecnologia da informação geralmente oferece
muitas vagas, mas num momento complicado como esse, elas ficam mais escassas”,
pondera.


No momento em que foi demitida, ela já estava com viagem marcada para a
Europa. Como a maior parte das despesas já estavam pagas, Adriana não desistiu
de viajar, mas teve que economizar. “Deixei de fazer compras extras que gostaria
e busquei não gastar muito. Mesmo agora, nesse momento de indefinição até
conseguir um novo emprego, estou buscando cortar os gastos e só consumir aquilo
que é necessário.”


PREOCUPAÇÃO. Para o economista João Aguiar, supervisor do curso de Economia
da Anhanguera Educacional em Valinhos, a preocupação dos jovens com o atual
momento da economia é visível. “Quem está no primeiro emprego fica preocupado
com o que pode acontecer e querendo entender o que está acontecendo. O receio
nesse momento é muito grande”, avalia.


Ele recomenda que, nesse momento de instabilidade, os jovens cortem os gastos
supérfulos, busquem sair das dívidas e redobrem o cuidado para não entrar no
cheque especial. “O começo do ano é um momento com muitas despesas e o mercado
está reduzindo o crédito. Para o jovem, que geralmente tem menos patrimônio do
que um adulto, o crédito é ainda menor, já que ele oferece menos garantias para
o mercado”, aponta.


Para quem está em busca de segurança para investir o dinheiro, a dica do
economista é evitar a bolsa de valores e dar preferência aos títulos do tesouro
nacional. “É preferível evitar os riscos. Em tempos de crise, só os experts
mantém rentabilidade na bolsa”, analisa.


CRONOLOGIA


O Brasil e as crises econômicas mundiais


1914 — Com a 1ª Guerra Mundial, o preço do café declinou no mercado
externo. Como era o principal produto de exportação brasileira, o País se viu em
dificuldades financeiras até o fim da guerra, em 1918.


1929 — No chamado crack da bolsa de Nova York, a economia mundial entrou em
depressão e mais uma vez a produção cafeeira brasileira é atingida.


1940 — Diante da 2ª Guerra Mundial, novas dificuldades em lidar com a
economia externa fazem com que o Brasil comece a se industrializar.


1973 — Depois do crescimento acelerado em razão do chamado milagre econômico,
o Brasil é afetado pela primeira Crise do Petróleo, quando o preço do barril
dispara e a dívida externa começa a aumentar.


Década de 80 — Da Crise do Petróleo até o início dos anos 1990, o Brasil
viveu um período prolongado de instabilidade monetária e de recessão, com
altíssimos índices de inflação combinados com arrocho salarial, crescimento da
dívida externa e crescimento pífio. O governo tentou contornar os problemas com
sucessivos planos econômicos mas não obteve sucesso. Não é à toa que foi
batizada de Década Perdida.


1998 — Após alguns anos de estabilidade com o Plano Real, o mundo passa pela
Crise Asiática e o Brasil vê a cotação do dólar disparar.


2002 — O mercado fica instável por causa do receio diante da transição do
governo Fernando Henrique para o de Lula.


2008 — A crise financeira internacional que tem suas raízes na bolha da
Internet de 2001 e que se precipitou com a falência do tradicional banco de
investimento estadunidense Lehman Brothers.


O mundo inteiro entra em recessão, mas analistas avaliam que o Brasil sofre
os efeitos da crise em menor escala.Voltar à home Ir ao índice


 


Fonte: http://www.diariodopovo.com.br/noticia/19005/vivendo-a-1-crise.html 
 

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