Grãos impõem desafio à armazenagem

Por: RÁDIO SORRISO

O Brasil produz mais grãos do que pode armazenar. Dados da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB) indicam que a produção será de 136,5 milhões de toneladas de grãos na temporada 2008/09, enquanto que os armazéns comportam 125,5 milhões de toneladas de grãos. O déficit deve aumentar ainda mais nos próximos 10 anos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) projeta um crescimento de 28,7% na produção brasileira de grãos no período, o que exige a ampliação da capacidade de armazenagem.


Os reflexos imediatos do déficit no armazenamento são encontrados nas constantes filas nos portos, no encarecimento dos fretes, no aumento dos custos de armazenagem e na dificuldade encontrada pelo produtor para negociar melhores preços a sua safra. A situação só não é pior, segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos), Denise Deckers, porque o país tem três safras e a rotatividade nas unidades armazenadoras é muito grande.


A capacidade restrita dos armazéns foi discutida no 6º Simpósio Paranaense de Pós-Colheita e no 5º Simpósio Internacional de Grãos Armazenados, realizados em Ponta Grossa (Campos Gerais) pela Abrapros na semana passada. Na ocasião, os produtores lembraram que o setor carece de investimentos. “Se a produção de grãos crescer na projeção apontada pelo Ministério da Agricultura, nós precisaríamos ter pelo menos uma capacidade estática de 100 milhões de toneladas a mais do que possuímos hoje para acompanhar o aumento da produção”, disse o supervisor comercial da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Paraná (Codapar), Jair Pedro Vendrúscolo.


O chefe de Gestão Estratégica do Mapa, Derli Dossa, se comprometeu a intensificar as discussões em Brasília. “Temos que buscar mais linhas de financiamento”, adiantou. Hoje apenas 16% das propriedades rurais brasileiras têm armazéns próprios.


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou no ano passado uma linha de financiamento de R$ 300 milhões com juros de 6,75% ao ano. Na visão do produtor Luiz Fernando Tonon, de Castro, Campos Gerais, o acesso é restrito. “Eu uso o armazém da cooperativa. Tem linhas de financiamento, mas a verba é limitada e a burocracia é muito grande”, afirma o agricultor.

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