O furacão Wilma, que chegou à categoria máxima (5) nesta quarta-feira, pode devastar pomares de citrus e plantações de cana-de-açúcar na Flórida.
A indústria de citrus do Estado, que movimenta 9,1 bilhões de dólares, está preocupada com a tempestade e as áreas com cana também estão em risco apenas um ano depois que três furacões numa sucessão rápida assolaram os pomares da Flórida. “Todos os produtores estão acompanhando (o desenvolvimento do furacão)”, disse Casey Pace, porta-voz da Florida Citrus Mutual, a maior associação de produtores de citrus do Estado. “Não começamos realmente a colher, portanto boa parte da safra ainda está nas árvores, o que obviamente preocupa os produtores.” A indústria de citrus da Flórida foi severamente afetada por três furacões que destruíram 40 por cento da safra do ano passado e espalharam com os ventos bactérias causadoras do cancro cítrico. “Normalmente nesta época do ano estamos já começando a colher, mas por causa do impacto do furacão no ano passado e o efeito nas árvores, nossa safra vai ser postergada, em cerca de um mês”, afirmou Pace. O maior medo é que outro furacão possa espalhar mais bactéria causadora do cancro — doença que não afeta humanos mas desfigura a fruta e causa sua queda prematura das árvores. A Flórida lutou por uma década para impedir o avanço do cancro queimando árvores numa campanha que custou aos produtores comerciais 6 por cento de suas árvores. A expectativa era erradicar o cancro na primavera de 2007. A analista de comodities Judy Ganes, da J. Ganes Consulting, disse que o furacão pode também afetar os canaviais da Flórida — o principal Estado produtor dos EUA. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) prevê uma produção no Estado no atual ano comercial (agosto-julho) de 1,913 milhão de toneladas, ante 1,692 milhão em 2004/05. O furacão Rita arrasou e inundou as áreas com cana na Louisiana, segundo maior produtor. Além disso, Miami é um importante porto para o café dos EUA. É um dos quatro portos que recebem café para entrega na Bolsa de Nova York. Os demais estão em Nova Orleans, Nova York e Houston. A bolsa suspendeu a licença de quatro armazéns na área afetada de Nova Orleans porque o café ali depositado foi prejudicado por inundação provocada pelo furacão Katrina, que atingiu a região no fim de agosto. (Com reportagem adicional de Rene Pastor, em Nova York)