Filtros de café sujos dão nova cara a etiquetas

12 de fevereiro de 2009 | Sem comentários Especiais Mais Café
Por: Jornal A Tribuna

Milena Nandi | Da Redação


Um filtro de café, depois de usado não teria mais utilidade, certo? Errado. O material, que como tantos outros não tem uma serventia aparente depois de utilizado, é a matéria-prima para a produção de tags e etiquetas da Newcolor Etiquetas, de Criciúma, que lançou uma campanha para a arrecadação de filtros de café usado. O material é entregue aos alunos do Instituto Diomício Freitas, que deixam o filtro “no ponto” para ser comercializado com a Newcolor, que os transforma em produtos que serão usados em roupas pelo Brasil afora.


Aliás, nesse caso específico, os tags fabricados a partir dos filtros reutilizados tem destino certo: Minas Gerais. Rosa Maria Rosso do Canto, proprietária da Newcolor, conta que a campanha surgiu a partir de uma encomenda grande – 23 mil tags – feita por uma fábrica de roupas mineira. Como o material utilizado é 100% reaproveitado, e o volume necessário é grande, o Instituto Diomício Freitas e a empresa não teriam como conseguir sem a ajuda da população. Os filtros podem ser entregues no Instituto Diomício Freitas ou na própria Newcolor ainda com a borra do café.


Aliás, segundo Rosa, o ideal é que a borra venha junto, porque todo o trabalho artesanal dos alunos do Instituto Diomício Freitas é feito após a secagem da borra, que confere ao material, uma coloração diferente em cada filtro. Rosa explica que na hora da distribuição para a secagem, feita naturalmente, os filtros são sobrepostos de maneira irregular, e com isso, o trabalho fica mais diferenciado. Se as pessoas quiserem guardar os filtros usados durante toda a semana em casa e depois entregar, também é possível. “Depois da borra do café secar, ela é retirada do filtro e utilizada como adubação natural. O filtro é limpo com um pincel, sem o uso de água, e um material é colocado embaixo dele para dar sustentação. Depois é passada uma goma em cima e o material é entregue em forma de folhas”, explica Rosa. Todo o processo é realizado pelos alunos do Instituto Diomício Freitas, que vendem essa matéria-prima para a Newcolor.



Ação para preservar


o meio ambiente



Quem entregar os filtros de café usados não receberá nenhuma compensação financeira. Segundo Rosa, a intenção é que as pessoas colaborem não porque vão ganhar algo em troca, mas porque farão algo de positivo para o meio ambiente, além de fornecer material para que os alunos do Diomício Freitas trabalhem, aprendam e colaborem para manter o instituto. “Poderíamos pegar os filtros novos, dissolver café e misturar para que os filtros fiquem como usados, mas não será como reutilizar o material. Além do resultado ser diferente, estaríamos gerando mais lixo, o que não é a nossa intenção. Os tags feitos com filtro usado tem até aquele cheirinho bom de café”, diz.



A transformação do lixo em luxo


A Newcolor trabalha há seis anos com material reciclado na fabricação de seus produtos. Com filtro de café, são três anos. Para Rosa, a empresa está transformando lixo em luxo e cumprindo o papel de respeito ao meio ambiente, além de tentar disseminar a atitude para os clientes. Atualmente a empresa fabrica 90 mil tags e etiquetas com material reciclado, o que corresponde a 6% do total produzido (1,5 milhão/mês). Até o final do ano, a Newcolor deve aumentar para 10% a produção com recicláveis/reaproveitáveis.


Rosa afirma que o ideal seria aumentar sempre a fabricação com materiais vindos do lixo, mas que isso não é uma tarefa muito fácil. A empresa ainda encontra resistência da indústria da moda, apesar da “onda verde” que se anuncia no mundo. “As pessoas têm que se conscientizar que ‘eco’ não é só falar. Está na hora de fazer mais”, diz. Segundo ela, ainda falta a consciência que as empresas podem agregar valor ao seu produto aliando a marca a atitudes ecologicamente corretas, como por exemplo, reaproveitar o jeans e tecidos para a fabricação de novas peças. “Claro que usar matéria-prima nova é mais fácil e menos dispendiosa muitas vezes, mas há coisas além do dinheiro que também importam. As pessoas tem que pensar que precisam ‘economizar’ a natureza”, ensina. Além do Instituto Diomício Freitas, a Newcolor tem como fornecedor de matéria-prima o Bairro da Juventude e uma associação de ex-presidiários e mulheres de rua.


 

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