FENICAFÉ: PRODUÇÃO RECLAMA DE ALTOS CUSTOS E FALTA DE RENDA

Por: Blog do Café

Foi aberta ontem, 25 de março, a Fenicafé 2009, em Araguari, na região do Cerrado de Minas Gerais. A Feira, que vai até amanhã (27), congrega simultaneamente três eventos: o XIV Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado; a XII Feira de Irrigação em Café do Brasil; e o XI Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada.


Segundo o jornalista Lessandro Carvalho, enviado da Agência Safras à cobertura da Fenicafé 2009, o setor produtivo destacou, nos pronunciamentos, à crise devido aos preços considerados baixos diante dos altos custos de produção e à falta de renda na cafeicultura.


Em seu discurso, Carlos Corrêa Afonso, presidente da ACA (Associação dos Cafeicultores de Araguari), entidade que promove o evento, ressaltou a importância da Fenicafé, maior evento da cafeicultura irrigada do Brasil, e informou que a edição deste ano vai mostrar as mais modernas técnicas de irrigação para as lavouras, sendo esses manejos que tragam maior produtividade e lucratividade.


Ele lamentou que o preço na venda do café seja, atualmente, de R$ 270,00 pela saca, ao passo que o custo alcança e até supera R$ 320,00. “Teremos de viver de sonhos e ilusões? Continuaremos com a atividade desse jeito por quanto tempo?”, questionou. No entanto, o presidente da ACA ponderou que “o café será, ainda assim, mesmo com todos os problemas, o sustento do agronegócio”.


Também em pronunciamento na abertura da Fenicafé, o presidente do Caccer (Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado), Francisco Sérgio de Assis, destacou que o setor produtor quer continuar mantendo a atividade sustentável e, nesse sentido, lembrou da importância que a Fenicafé possui em relação à irrigação. “Podemos produzir com menos água”, afirmou. “Mas precisamos de um mecanismo de renda”, salientou. Assis citou as propriedades do cerrado com certificação do Caccer, que agregam valor à cafeicultura. “Porém, o custo de produção está nos inibindo”, lamentou. Ele defendeu, ainda, que o Banco do Brasil busque novos mecanismos para trabalhar com o produtor, sugerindo, por exemplo, que junto ao custeio se alie o hedge. “Ficar pedindo prorrogação de dívida é uma vergonha”, disse Assis, defendendo mecanismos que gerem renda aos produtores. “As opções públicas podem vir pra dar renda e sustentabilidade ao setor”, indicou.


Na abertura, também teve a palavra o segundo o vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global do Banco do Brasil, Adésio Lima, que recordou que o manual de crédito rural tem mais de 40 anos e que são necessárias mudanças. “Precisamos de um novo modelo de financiamento agrícola”, defendeu.


Já o deputado federal Odair Cunha ressaltou a importância do mecanismo de contratos de opção neste momento para a cafeicultura, enaltecendo, ainda, a importância da busca por tecnologia nos cafezais e da busca por sustentação de preço.


Muito aplaudido, o secretário de Agricultura de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues, fez seu discurso lamentando que a crise mundial tenha se sobreposto à crise da cafeicultura. “Precisamos de muito profissionalismo e cautela para superar essa turbulência”, explicou. Uma preocupação forte manifestada durante o evento por todos, o novo Código Florestal foi lembrado e criticado por Gilman, que apontou a necessidade de se discutir muito o assunto antes de ser efetivamente posto em prática. Nos moldes atuais da proposta, “os produtores vão ter que alugar território fora do Brasil para produzir alimentos para os brasileiros”, alertou.


Ainda de acordo com informações do jornalista da Agência Safras, o secretário executivo do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Silas Brasileiro, acompanhando a mesma linha de raciocínio do secretário de agricultura mineiro, anotou que são necessárias alterações nesse novo código, de maneira que os produtores não sejam prejudicados na adaptação à nova Lei Ambiental.

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